Foto7 Corte Migratoria de Miami Corte migratória em Miami virou “maquina de deportações”, revela estudo
A jurisdição de Miami, que possui o 2º maior número de casos depois de Houston, aprovou somente 3 casos de asilo durante

A Corte Migratória de Miami emitiu ordens de deportação em 90% dos 2.300 casos concluídos nos últimos 9 meses

Meses antes que o Presidente Donald Trump anunciasse planos para a realização massiva de batidas migratórias, membros da administração dele estavam ocupados formulando planos para deportar famílias que solicitaram asilo e foram liberadas nos EUA. A solução deles? Criar vias expressas para famílias recém-chegadas em 10 tribunais de imigração, incluindo Miami (FL), Houston (TX), San Francisco (CA) e Chicago (ill.). Essas “vias expressas” aceleram os casos dessas famílias recém-chegadas, levando à emissão rápida de ordens de deportação em nome daqueles que não comparecem aos tribunais.

As famílias que receberam ordem de deportação estavam entre os principais alvos das batidas migratórias planejadas para o último final de semana. Posteriormente, Trump suspendeu os planos devido à oposição de congressistas democratas. Apesar de ser óbvia a falta de organização das batidas, as novas vias expressas são bastante eficientes desde a sua criação em novembro de 2018.

A Corte Migratória de Miami tem sido a mais brutalmente eficiente entre elas, com a emissão de ordens de deportação em 90% dos 2.300 casos concluídos nos últimos 9 meses, conforme dados federais. A jurisdição de Miami, que possui o 2º maior números de casos depois de Houston, aprovou somente 3 casos de asilo durante esse período. Em todo o país, 10.877 das 13.313 famílias receberam ordens de deportação sem estarem presentes ao tribunal.

O advogado de imigração em Miami, Joe Lackey, que representa casos de famílias que solicitam asilo, disse que o volume de casos na via expressa não o impressiona. “Agite e queime-os; este é o mantra aqui”, disse ele. “Ignore o processo duplo e, então, ordene as deportações o mais rápido possível”.

Há muitas razões porque as famílias faltam às audiências, uma delas é por não ter recebido nenhuma notificação em primeiro lugar. A lei de imigração exige que o aviso seja enviado para somente o endereço que o tribunal possui nos arquivos, portanto, não há certeza que esses avisos cheguem aos seus destinatários. Avisos perdidos nos correios ou enviados para endereços errados ainda podem levar à emissão de ordens de deportação por ausência.

“Nós já ouvimos de imigrantes que receberam o aviso um dia antes da audiência ou até depois disso”, relatou Adonia Simpson, diretora do Programa Defesa da Família da Americanos pela Justiça para os Imigrantes. “A Corte Migratória de Miami cobre uma área grande até Key West, Port St. Lucie, Condado Lee e Condado Collier. Além disso, comparecer a um julgamento acelerado pode ser difícil para os imigrantes que não estão autorizados a dirigir e, portanto, precisam encontrar transporte na última hora”.

Durante a administração Trump, o ICE tem se recusado a parar de efetuar prisões nas instalações dos tribunais durante audiências, provocando nos imigrantes o temor de que eles não terão a oportunidade de conversar com um juiz. Além disso, muitos imigrantes recebem avisos em idiomas que não compreendem.

“Inúmeros imigrantes receberam avisos em idiomas errados; eles não conseguem ler e perdem a audiência”, relatou Lackey. “Eu já tive ciganos romenos que receberam o aviso em espanhol”.

Fonte: Brazilian Voice