Carnes nas prateleiras Coronavírus: Escassez de carne atingirá o pico em breve, alertam especialistas
A escassez de carne em todo os EUA está prestes a piorar em março, alertam executivos de supermercados

Luis Almeida Coronavírus: Escassez de carne atingirá o pico em breve, alertam especialistasO fechamento das fábricas processadoras de carne afetou diretamente os mercados de varejo e consumidor em todo o país

A escassez de carne em todo os EUA está prestes a piorar em março, alertam executivos de supermercados, e New York City está vivenciando preços elevados e prateleiras vazias como em qualquer outro lugar. Espera-se que o suprimento de bifes, peitos de frango, costeletas de porco e frios diminua ainda mais nas próximas semanas, à medida que toda a força dos fechamentos e desacelerações das fábricas provocados pelo coronavírus em todo o país afetem os balcões de carne nas lojas e supermercados.

“As duas últimas semanas de maio serão o pico da crise da carne”, prevê Victor Colello, supervisor de carne da rede de supermercados Morton Williams em New York City. “As fábricas que permaneceram abertas estão operando apenas de 40% a 50% da capacidade”.

Na quarta-feira (29), os atacadistas da empresa Morton Williams elevaram os preços da carne bovina em até US$ 3 a libra, aumentando o preço de balcão do filé mignon em US$ 10,50 a libra. Enquanto isso, os cortes frios “dispararam”, diz Colello. Embora alguns executivos prevejam aumentos similares durante o próximo mês e até junho, outros especulam que os preços podem ficar ainda mais acentuados, dependendo se houver uma nova onda de pânico entre os compradores.

A Tyson Foods, a maior processadora de carne do país, alertou esta semana que o fechamento de fábricas provocará a perda de milhões de libras de carne. Pelo menos 20 trabalhadores já morreram com o vírus, segundo sindicatos, e algumas fábricas começaram a sacrificar animais por causa da superlotação nas fazendas.

A ordem executiva de Trump aliviou os problemas nas fábricas operadas pela JBS, Cargill, National Beef Packing e Smithfield Foods, que fecharam todas as instalações nas últimas semanas. Entretanto, ainda levará um tempo até que a produção de carne retorne aos níveis pré-pandêmicos, dizem especialistas.

“A maior mudança para os consumidores serão as marcas que eles costumavam comprar podem não estar disponíveis”, diz Dan Romanoff, presidente da Nebraskaland, atacadista de carne no Bronx (NY). “Estamos negociando com fornecedores os quais nunca negociamos antes, para preencher as lacunas de estoque”.

Carnes kosher também são difíceis de comprar, pois um dos maiores fornecedores, a Empire Kosher, fechou suas fábricas por cerca de duas semanas este mês porque dois dos rabinos que trabalham no local contraíram o vírus, segundo executivos do setor. A empresa não fez comentários sobre o assunto.

De forma adversa, o suprimento de carne em alguns supermercados, especialmente em bairros de baixa renda, cresceu visivelmente mais nas últimas semanas. Os 10 supermercados da rede Fine Fare em Nova York, que incluem filiais no Bronx, Harlem e Lower East Side, vendem menos carne por causa dos preços mais altos e da irregularidade nas entregas, detalhou Rudy Fuertes, presidente da Fteley Food Corp.

. A crise nas comunidades:

A crise no abastecimento de carne atinge todas as comunidades. Na quinta-feira (30), a equipe de reportagem do BV entrevistou Luís Almeida, proprietário e administrador do supermercado Emporium 112, que atende a comunidade de língua portuguesa no bairro do Ironbound, em Newark (NJ). Ele relatou que os fornecedores diminuíram o volume das entregas e os preços mais do que dobraram, consequentemente afetando os clientes.

Almeida detalhou que geralmente encomenda entre 50 a 100 caixas de alcatra, por exemplo, e que tem recebido apenas 5 caixas por ordem. Essa mudança fez com que ele tivesse que recorrer a um número maior de fornecedores para suprir a demanda.

“Às vezes, as pessoas tiram fotos com o telefone celular e enviam aos amigos informando que aqui tem carne. Outras pessoas reclamam do preço, mas elas não entendem que os fornecedores mais que dobraram o valor do produto”, disse ele, acrescentando que muitas vezes tem que enviar seus próprios funcionários aos fornecedores para recolher as encomendas.

Apesar de ainda ter o produto em estoque, Almeida disse não saber como a situação ficará nas próximas semanas.

Na terça-feira (28), o Presidente Trump assinou um decreto de lei para manter as fábricas de processamento de carne abertas, após uma série de surtos de COVID-19 entre os trabalhadores, provocando o fechamento das instalações. A ordem, que declara o papel essencial das processadoras de carne sob a Lei de Produção de Defesa, e também busca proteger legalmente os processadores de carne.

Fonte: Brazilian Voice