A conclusão entre os analistas é imperativa: o principal receio do Governo Bolsonaro em relação a Joe Biden, candidato democrata à Presidência dos EUA, é sua postura sobre as queimadas na Amazônia. Em entrevistas, ele já falou algumas vezes sobre o assunto.

“Deveríamos ter um presidente que conversasse com o presidente do Brasil e dissesse para ele parar de queimar a floresta”, disse Biden à rede CNBC. Para a revista Americas Quarterly, Biden declarou: “O presidente Bolsonaro precisa saber que, se o Brasil fracassar na sua tarefa de guardião da floresta amazônica, o meu Governo irá congregar o mundo para garantir que o meio ambiente seja protegido”.

As 5 plataformas principais de Biden

“Após mais de um ano de campanha, Joe Biden finalmente foi nomeado como candidato à presidência do Partido Democrata. O ex-vice-presidente enfrentará o republicano Donald Trump na corrida eleitoral mais importante do mundo, marcada para 3 de novembro. A convenção nacional do partido, que oficializou a candidatura de Biden nesta semana, mostrou que os democratas estão buscando deixar de lado as diferenças internas para derrotar o atual morador da Casa Branca. Muitas críticas foram feitas a Trump e também muito se falou sobre a trajetória de Biden, contudo, as propostas de governo ficaram em segundo plano, justamente porque algumas fomentam conflitos intrapartidários e podem até afastar eleitores democratas, sejam mais progressistas ou mais conservadores. Veja a seguir como Biden se posiciona em relação a cinco assuntos polêmicos para os americanos.

Saúde

Os democratas têm batido na tecla de que o presidente Donald Trump é, de alguma maneira, o culpado pelos Estados Unidos ocuparem o topo do ranking de casos e mortes pela Covid-19. Mas o que, então, o candidato do partido propõe para responder à mais grave crise de saúde do século? O plano de Biden é garantir uma ampla disponibilidade de testes gratuitos para a doença e estabelecer um grande programa nacional de rastreamento de possíveis casos, contratando milhares de pessoas para o trabalho. Ele também defende que é preciso eliminar “todas as barreiras de custo” para cuidados preventivos e tratamento da Covid-19, inclusive para uma vacina. Para cobrir os custos destas e outras propostas ele quer criar um Fundo de Emergência Estadual e Local. O ex-vice-presidente promete ainda que as decisões de saúde pública, em seu governo, serão tomadas por profissionais da saúde e não por políticos e que, após a crise, tomará medidas necessárias para produzir produtos farmacêuticos e médicos de origem americana, a fim de reduzir a dependência dos EUA de fontes estrangeiras “que não são confiáveis ​​em tempos de crise”.

Outro assunto importante no debate americano são os planos de saúde. A ala mais à esquerda do Partido Democrata apoia a criação de uma assistência de saúde universal e única, controlada pelo governo, o chamado Medicare for All, do senador Bernie Sanders. Até mesmo a vice de Biden, Kamala Harris, chegou a endossar a proposta que custaria mais de US$ 20 trilhões ao país quando era candidata nas primárias democratas, mas depois voltou atrás. Biden, por sua vez, não apoia o projeto, que tem como um de seus rivais os sindicatos dos trabalhadores, que querem manter seus generosos planos de saúde atuais. Contudo, o candidato democrata é a favor de uma extensão da Lei de Assistência Acessível, conhecida como Obamacare, para permitir que mais americanos tenham cobertura de saúde. Atualmente o programa Medicare beneficia pessoas com 65 anos ou mais e com um determinado teto de renda. Biden promete baixar a idade de adesão para 60 anos.Também disse que pretende dar a todos os americanos acesso a um seguro de saúde financeiramente acessível por meio da criação de um plano público semelhante ao Medicare, o que deve custar aos EUA US$ 2 trilhões ao longo de uma década. Biden também apoia a preservação constitucional do direito ao aborto e a restauração do financiamento federal à organização Planned Parenthood.

Economia

As propostas econômicas de Joe Biden se dividem em três pautas interligadas: revitalizar a classe média americana, fomentar a equidade racial na economia e impulsionar a manufatura e a inovação do país. A agenda econômica do candidato é mais protecionista quanto à indústria do país, comparado a de candidatos democratas de outras épocas, quando a defesa do livre comércio era algo central na proposta econômica do partido. Essa mudança foi motivada principalmente pela pandemia de Covid-19, que expôs a dificuldade da indústria americana em fornecer insumos essenciais à luta contra o vírus. Biden disse que vai impulsionar uma campanha para que os americanos comprem produtos fabricados no país ao mesmo tempo em que fomentará pequenas indústrias. Outra aposta de Biden para conquistar os trabalhadores é aumentar o salário mínimo dos atuais US$ 7,25 por hora para US$ 15 até 2026, para que depois ele seja reajustado de acordo com a inflação. O candidato também defende a expansão dos sindicatos dos trabalhadores e direcionar investimentos para promover a igualdade racial como parte da recuperação econômica do país.

Meio ambiente

A agenda econômica tem ligação direta com as propostas ambientais. Biden propõe a construção de uma economia de energia limpa que possa tornar os EUA uma superpotência em energias renováveis ao mesmo tempo em que cria empregos de qualidade no país. Neste quesito ele abraçou a proposta da ala esquerdista do Partido Democrata, o Green New Deal, que prevê que os EUA tenham economia com energia 100% limpa e zerem as emissões de carbono até 2050. Enquanto os republicanos alegam que a transição seria muito custosa para a economia do país, Biden defende que ela trará oportunidades de negócios. Segundo o plano do democrata, para chegar a esse objetivo o governo federal deve investir US$1,7 trilhão e o setor privado US$ 5 trilhões nos próximos 10 anos. Esse valor seria alcançado revertendo as políticas de corte de impostos para empresas, reduzindo incentivos para paraísos fiscais, evasão e terceirização e acabando com os subsídios para combustíveis fósseis. Biden ainda prometeu que, se for eleito, vai colocar os Estados Unidos novamente como signatário do Acordo do Clima de Paris, revertendo a decisão tomada por Trump ainda em seu primeiro ano como presidente. Para reafirmar seu compromisso com a causa ambiental – e evitar críticas – a campanha de Biden informou que não vai aceitar doações de executivos ou empresas do setor de petróleo, gás e carvão.

Imigração

Basicamente Biden promete reverter todas as políticas de imigração adotadas no governo Trump, priorizando a reunificação de famílias que foram separadas ao cruzar a fronteira dos EUA ilegalmente. Ele também diz que colocará um fim ao limite de solicitações de asilo e refúgio, mas, diferente de outros políticos democratas, ele não apoia a eliminação de penalidades criminais para aqueles que entram ilegalmente no país. Biden propõe acabar com restrições de viagens a imigrantes de países de maioria muçulmana e disse que garantirá a cidadania a centenas de milhares de pessoas que chegaram aos Estados Unidos ainda crianças, acompanhando seus pais em travessias ilegais, conhecidos como “dreamers”.

Racismo e justiça

O candidato democrata propõe que o sistema de justiça criminal dos Estados Unidos seja reformado, com o objetivo de reduzir o número de pessoas presas e eliminar disparidades raciais e de gênero. Entre outras promessas, ele criaria um programa de financiamento para incentivar os estados a diminuir sua população carcerária, descriminalizar a maconha e acabar com a pena de morte. Embora defenda maior participação dos serviços sociais em casos que atualmente são atendidos pela polícia, Biden não apoia a campanha para desfinanciar os departamentos policiais, promovida por várias lideranças democratas após os protestos pela morte do afro-americano George Floyd por um policial branco. Biden disse ainda que criará programas sociais e econômicos para apoiar minorias, como um fundo de investimento de US$ 30 bilhões para impulsionar pequenos negócios empreendidos por mulheres e negros. // Gazeta do Povo.

Fonte: Brazilian Press