BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O STJ (Superior Tribunal de Justiça) adiou o julgamento do pedido do governo da Itália para que o ex-jogador Robinho cumpra no Brasil a pena imposta a ele naquele país.

O ex-atacante do Milan e do Santos foi condenado, em última instância, a nove anos de prisão por estupro contra uma jovem de origem albanesa em uma boate, em 2013.

Diante do fato de que cidadãos brasileiros não podem ser extraditados, autoridades italianas pediram o cumprimento da punição no Brasil.

O julgamento no STJ havia sido iniciado em abril, com o voto do relator, ministro Francisco Falcão. Na sequência, houve um pedido de vista (mais tempo para analisar o caso). O debate seria retomado nesta quarta, mas Falcão não pôde comparecer à sessão. A previsão é que a análise ocorra no dia 16.

Segundo investigação do Ministério Público italiano, Robinho e outros cinco brasileiros praticaram violência sexual de grupo contra uma mulher de origem albanesa, que embriagada e inconsciente, foi levada para o camarim de uma boate em Milão, onde foi estuprada várias vezes.

Por terem deixado a Itália durante a investigação, quatro homens não puderam ser notificados, e o caso deles foi desmembrado do processo.

Robinho sempre negou o crime, e sua defesa aponta falhas no processo que não teriam sido levadas em conta no julgamento. Antes de uma das sessões de julgamento na Itália, a defesa afirmou que o ex-jogador é inocente e foi “massacrado pela mídia”.

Em fases judiciais anteriores, os advogados do atleta sustentavam que não havia provas de que a relação com a mulher -que hoje tem 31 anos e vive na Itália- não tenha sido consensual.

Em 2020, o atacante falou sobre o episódio ao UOL.

“Eu me arrependo de ter traído a minha esposa. Esse é meu arrependimento. Em relação às frases que saíram: fora de contexto e para vender jornal e revista… Obviamente, eu mudei muito de sete anos para cá. Isso aconteceu em 2013, e eu mudei para melhor. A questão é: qual foi o erro que eu cometi? Qual foi o crime que eu cometi? O erro foi não ter sido fiel à minha esposa. Não cometi nenhum erro de estuprar alguém, de abusar de alguma garota ou sair com ela sem o consentimento dela”, afirmou.

Em junho, o UOL divulgou áudios de conversas entre Robinho e amigos do ex-atleta que fizeram parte do material usado pela promotoria italiana no processo que condenou o brasileiro por estupro coletivo.

Em um dos trechos gravados pela polícia por meio de um grampo instalado em um carro, Robinho falava com Ricardo Falco sobre como eles responderiam à acusação de estupro que pesava contra os dois.

“A mina sabe que tu não fez porra nenhuma com ela, ela é idiota? A gente vai dar um soco na cara dela. Tu vai dar um murro na cara, vai falar: ‘Porra, que que eu fiz contigo?”, afirmou o ex-jogador.

Segundo o UOL, são mais de dez horas de escutas que se tornaram as principais provas no processo que terminou com a condenação de Robinho e Falco a nove anos de prisão por estupro coletivo. A sentença passou pelas três instâncias nos tribunais da Itália, e não cabe mais recurso.