Christophe Archambault/AFPO presidente francês Emmanuel Macron e sua mulher, Brigitte (esq.), em cerimônia no Eliseu14/01/201802h00Há dois problemas fundamentais com “Macron por Macron”, a compilação de entrevistas do presidente francês, Emmanuel Macron, que ganhou edição brasileira no último trimestre de 2017.
O primeiro é justamente o “timing”. A obra saiu na França em março do ano passado, no que conduziria o ex-ministro da Economia e ex-acionista do banco Rothschild ao Eliseu.
Nesse contexto, fazia sentido reproduzir conversas de 2015 e 2016 para apresentar a formação intelectual do aspirante à Presidência e tecer uma espécie de cronologia de seu despertar político —ao qual se sucedeu um itinerário sui generis, longe da progressão habitual 1) eleição municipal/regional; 2) mandato(s) de deputado ou senador; 3) corrida presidencial.
Passado mais de um semestre desde a posse de Macron, em que medida interessa ao leitor brasileiro revisitar o jogo de cena do então candidato hipotético, fazendo mistério sobre as condições que definiriam seu ingresso na disputa pela sucessão de François Hollande?
Não se trata de questionar o valor do registro histórico nem de se deixar levar por um frenesi da novidade, mas, dado o tempo transcorrido, talvez fosse interessante haver na edição brasileira um apêndice ou posfácio (outra entrevista?) que flagrasse o choque de realidade após os na função.

Fonte: Folha de S.Paulo