Aproximadamente 950 pessoas se mudam para a Flórida todos os dias e o estado tem visto uma ‘demanda sem precedentes’ e um aumento nas vendas de casas de luxo, já que as pessoas nos estados do norte fogem das grandes cidades em meio à pandemia em busca de mais espaço e também fugindo do inverno.
O afluxo de novos residentes ocorre no momento em que a paralisação do coronavírus tem levado famílias a fugir de cidades congestionadas e buscar estadias de curta duração que se transformam em mudanças permanentes.
De acordo com o relatório “Miami Report 2020“, divulgado neste verão, uma média de 950 pessoas se mudam para a Flórida todos os dias e a maioria vem de áreas com alta tributação, como Nova York, Boston, Califórnia e Chicago.
Para se ter uma ideia, o crescimento médio diário da população da Flórida em 35 anos é de 777 migrantes domésticos, aponta o relatório, em divulgação do The New York Times.
“A Flórida tem sido consistentemente um dos estados mais desejáveis em termos de clima e impostos, mantendo um forte crescimento médio diário da população nas últimas duas décadas”, observa o relatório.
Segundo os especialistas, muitos compradores do Nordeste buscaram comprar casa na Flórida em agosto, temerosos de que a COVID-19 possa retornar na temporada de gripe.
Dos estados do norte, de acordo com dados extraídos de 2019, 20 pessoas se mudaram por dia de Connecticut, 72 por dia de New Jersey e 242 pessoas por dia de Nova York para a Flórida, de acordo com o relatório.
Brasileiros
Dentre os brasileiros, as mudanças para a Flórida também aumentaram nos últimos meses e pelos motivos citados acima: pandemia e o clima. Segundo a sócia da Interact Moving, uma empresa de mudança em Fort Lauderdale, Maria Inês Perugini, “o movimento deu uma aquecida devido às pessoas quererem sair do foco da COVID”.
Durante a pandemia, a empresa fez cerca de 15 mudanças de brasileiros do norte para Flórida, porém menores. “Via de regra o brasileiro do norte tende a não trazer seus móveis, o que não se aplica ao mercado americano”, diz.
Além das famílias que buscam a Flórida pelo clima depois de muitos anos vivendo na região fria dos EUA, Maria Inês cita também que elas se mudam buscando mais espaço, casas maiores. “O perfil das famílias que se mudam é realmente pelo cansaço de estarem há muitos anos em uma área de frio intenso e terem residências mais amplas na Flórida para sua família de dois ou mais filhos . Além da qualidade de vida e dos ‘snowbirds’ – pessoas acima de 55 anos que saem do frio pra viver na Flórida”, explica Perugini.
Em contrapartida, também há mudanças de brasileiros da Flórida para estados do norte por causa de oferta de empregos, cita a empresária.
Aumento na venda de imóveis
De acordo com o relatório Douglas Elliman de agosto, os novos contratos para residências unifamiliares e condomínios dobraram em julho e continuam aumentando em cinco condados da costa sul e centro-oeste da Flórida.
No condado de Palm Beach, os novos contratos unifamiliares e de condomínio estão bem acima dos níveis normais de um ano atrás, observando um aumento de 268% nos contratos unifamiliares acima de US $ 1 milhão.
Durante os primeiros seis meses de 2020, 80% das transações imobiliárias foram residenciais.
Jay Phillip Parker, executivo-chefe da corretora Douglas Elliman’s na Flórida, disse ao New York Times que a parte rica do mercado cresceu “nos principais mercados do sul da Flórida – Tampa e St. Petesburgo estão vendo a mesma quantidade de atividade”.
Menos impostos
Um dos principais motivos desse aumento na busca por residir na Flórida é também o fato de residentes da Flórida não pagarem imposto de renda ou imposto de propriedade do estado e receberem uma isenção de propriedade familiar de até $ 50.000 para um residente principal e um limite anual de três por cento nas avaliações domiciliares.
A Flórida também se tornou mais atraente com a Lei de redução de impostos e empregos de 2017, que limitou a $ 10.000 o valor total dos impostos estaduais e locais que podem ser deduzidos em uma declaração de imposto de renda federal.
Desde o ano passado, a população do estado está crescendo em 343.000 a 22 milhões, de acordo com a World Population Review.
Mudança temporária que se torna definitiva
O casal de Nova Jersey, Vanessa Antonelli e Jordan Epstein, alugou uma casa em Orlando para uma pausa de dez dias com sua filha de cinco anos e o filho de nove, mas acabou ficando meses.
“Nós ficamos em quarentena e acabamos ficando três meses”, disse Antonelli, 38, designer de interiores ao The New York Times. “A pandemia nos fez reavaliar a forma como estávamos vivendo. Isso nos deu tempo para refletir.”
Em junho, eles compraram uma casa em Boca Raton em um novo empreendimento, juntando-se a uma onda de pessoas que deixava a costa leste em direção a praias mais ensolaradas.
Um novo empreendimento chamado Boca Bridges, onde Antonelli e Epstein compraram uma casa, viu 102 casas vendidas por uma média de US $ 1,7 milhão desde 1º de maio, de acordo com Jill DiDonna, vice-presidente sênior de vendas e marketing da GL homes, a incorporadora.
“Temos visto uma demanda sem precedentes de todo o país, mas certamente de Nova York, Nova Jersey e Connecticut”, disse ela. Segundo DiDonna, os compradores estão procurando escritórios domésticos, cozinhas maiores para mais refeições em casa, ginásios domésticos e piscinas particulares.
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Fonte: Gazeta News