Ex-presidente deve prestar depoimento à PF nesta sexta-feira (22). A defesa dele entrou com pedido de habeas corpus no TRF-2, que pode ser julgado também nesta sexta.

O ex-presidente Michel Temer deve depor à Polícia Federal nesta sexta-feira (22). Alvo da Lava Jato do Rio, Temer e Moreira Franco, ex-governador do Rio de Janeiro e ex-ministro, passaram a primeira noite na prisão.

A defesa de Temer recorreu ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que pode julgar também nesta sexta o pedido de habeas corpus.
Por volta das 11h20, o ex-ministro Carlos Marun chegou à sede da PF para tentar fazer uma visita ao ex-presidente Michel Temer. “Nesse momento, o que dizem procuradores e juízes não me interessa. Quero saber o que eles provam. Em momento algum eles conseguem provar alguma coisa que justifique uma prisão preventiva. Então, nós temos a mais absoluta convicção de que, em brevíssimo tempo esse incrível erro do judiciário será revisto e o presidente voltará à liberdade”, garantiu Marun, que alegou que é advogado e por isso possui prerrogativa para visitar o ex-presidente.

Resumo:
Michel Temer e mais 9 pessoas foram presas na Operação Descontaminação
O ex-presidente é acusado de liderar uma organização criminosa que teria negociado R$ 1,8 bilhão em propina
A operação teve como base a delação do dono da Engevix e investigações sobre obras da usina nuclear de Angra 3
A defesa diz que nada foi provado contra Temer e que a prisão constitui um “atentado ao Estado democrático de Direito”
Os advogados de Temer entraram com pedido de habeas corpus, que pode ser julgado nesta sexta

Organização criminosa
De acordo com a investigação, Temer é suspeito de liderar uma organização criminosa para desvios de dinheiro público que atua há 40 anos no Rio. O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro afirma que a soma dos valores de propinas recebidas ou prometidas ao suposto grupo chefiado pelo ex-presidente Michel Temer ultrapassa R$ 1,8 bilhão.
Além disso, os procuradores da República sustentam que os investigados monitoravam agentes da Polícia Federal.

De acordo com a PF, a investigação decorreu de elementos colhidos nas operações Radioatividade, Pripyat e Irmandade, embasadas em colaboração premiada firmada polícia. Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, resultado da investigação sobre obras da usina nuclear de Angra 3, administrada pela estatal Eletronuclear.
A procuradora da República Fabiana Schneider, que também integra a força-tarefa da Lava Jato no Rio, detalhou alguns dos crimes detectados na investigação.

“O que foi verificado é que o coronel Lima, desde a década de 1980, já atua na Argeplan. É possível ver o crescimento da empresa a partir da atuação de Michel Temer. (…) Existe uma planilha que demonstra que promessas de pagamentos foram feitas ao longo de 20 anos para a sigla MT – ou seja, Michel Temer”, justificou a procuradora.

Também segundo Schneider, foi verificado por meio de escutas telefônicas que coronel Lima, amigo de Temer, “era a pessoa que intermediava as entregas de dinheiro a Michel Temer”. “Não há dúvidas quanto a isso”, disse a procuradora.

Investigações da PF e do MPF também demonstram que há fortes indícios de que a reforma no apartamento de Maristela Temer, filha do ex-presidente Michel Temer, foi feita com dinheiro de propina.

Fonte: A Semana