Foto21 Agente CBP Barrados nos EUA, brasileiros começam a chegar ao México
Ainda na quarta-feira (29), o DHS celebrou a decisão de expandir o MPP aos brasileiros, como forma de desencorajar a imigração clandestina (Foto: ACLU)

Em 2019, o número de brasileiros detidos por agentes do CBP totalizou aproximadamente 18 mil, ou seja, 1.600 a mais que em 2018

Desde quarta-feira (29), os brasileiros que solicitaram asilo na fronteira dos EUA estão sendo enviados ao México, onde aguardarão a resolução de seus casos. A ação faz parte da expansão do programa “Permaneça no México” (Remain in Mexico, em tradução livre), odicialmente conhecido como “Migrant Protection Protocols” (MPP), sob o qual o governo Trump já enviou cerca de 60 mil solicitantes de asilo para esperarem no país o andamento de seus casos, sendo que alguns deles podem demorar até vários meses.

Membros da administração Trump alegam que o programa é uma das razões principais do declínio de aproximadamente 75% das detenções na fronteira dos EUA com o México, desde maio de 2019. Entretanto, o governo atual reconhece a ocorrência de uma crise humanitária ao longo da fronteira, uma que os ativistas alegam ter sido agravada pelo MPP.

Até recentemente, a maioria dos ativistas acreditava que somente os imigrantes falantes de espanhol estariam sujeitos ao MPP. Entretanto, o Departamento de Defesa Nacional (DHS) esclareceu através de um comunicado, na quarta-feira (29), que não havia tal limite no programa. De fato, cidadãos de Trinidad & Tobago e Albânia também foram enviados ao México conforme a MPP, incluindo brasileiros, conforme o Instituto Nacional de Imigração do México.

A razão por trás de enviar somente imigrantes falantes de espanhol ao México por períodos prolongados de tempo é que eles teriam mais facilidade de assimilação à sociedade local e encontrar trabalho. Ao contrário, os brasileiros que somente falam o português enfrentariam mais dificuldades econômicas, ameaças à segurança pessoal e dificuldades em conseguir representação legal. Ainda não foi determinado quantos brasileiros já foram enviados ao México sob o programa MPP. Alguns deles retornaram à Ciudad Juarez, que fica localizada ao lado de El Paso (TX). Como os outros imigrantes que foram enviados ao México devido a MPP, eles correm o risco de extorsão, estupro e sequestro nas mãos de cartéis de drogas e outros criminosos.

“A vulnerabilidade deles à possibilidade de sequestro é maior devido à falta de experiência em espanhol”, relatou Taylor Levy, um dos advogados que representam os imigrantes afetados pela MPP postou no Twitter, na quarta-feira (29).

O advogado acrescentou que não conhece advogados na região de Ciudad Juarez que falem português. Ainda não é claro se as autoridades mexicanas e americanas disponibilizarão tradutores para os imigrantes brasileiros. O número de brasileiros detidos por agentes da Patrulha da Fronteira (CBP), em 2019, totalizou aproximadamente 18 mil, ou seja, 1.600 a mais que em 2018. Um fator do aumento pode ter sido a eleição ao Presidente Jair Bolsonaro, cuja administração tem sido marcada pelo alto desemprego, uma série de escândalos de corrupção e aumento da criminalidade.

Ainda na quarta-feira (29), o DHS, o qual o CBP é subordinado, celebrou a decisão de expandir o MPP aos brasileiros, como forma de desencorajar a imigração clandestina.

“O fato de que brasileiros agora fazem parte do programa demonstra que o Departamento, com os parceiros mexicanos, vinha sempre expandir o programa de forma segura e responsável”, informou o órgão através de um comunicado.

Fonte: Brazilian Voice