Imagens foram divulgadas pelo próprio governo norte-americano em meio a crise na fronteira com o México.

Autoridades dos Estados Unidos divulgaram imagens que mostram superlotação nos centros que abrigam imigrantes clandestinos detidos na fronteira com o México.

Uma das fotografias divulgadas pelo Departamento de Segurança Nacional mostra imigrantes em estrutura semelhante a uma jaula em McAllen, no Texas. A imagem revela que sequer há espaço para todos se deitarem. Outra foto mostra mulheres e crianças deitadas no chão de um prédio da Patrulha de Fronteira em Weslaco, também no Texas. O local é o mesmo onde um adolescente de 16 anos da Guatemala morreu, em maio, com suspeita de gripe. As autoridades também divulgaram uma fotografia de uma cela com 88 homens detidos em Brownsville. Entretanto, de acordo com o próprio Departamento de Segurança Nacional, há capacidade para somente 41. Segundo relatório divulgado junto com as fotos, a maioria dos adultos estava sem tomar banho mesmo passando até um mês nos centros de custódia.

A divulgação das imagens veio dias após a comoção mundial causada por uma fotografia de pai e filha mortos afogados ao tentarem cruzar o Rio Grande, que separa o México do estado norte-americano do Texas. Os corpos dos dois foram enterrados em El Salvador, país na América Central de onde eles vieram.
Também na semana passada, denúncias de más condições em abrigos para crianças vieram à tona. Advogados denunciaram que crianças não conseguiam dormir por fome e alguns bebês sequer tinham fraldas. Em meio à crise, o então chefe da autoridade de fronteira, John Sanders, pediu demissão.

Números mostram tamanho da crise. O relatório divulgado pelo Departamento de Segurança Nacional mostram que o número de apreensões na fronteira entre o Texas e o México chegou a 223.263 entre outubro de 2018 e maio de 2019. O dado representa aumento de 124% em relação ao mesmo período no ano anterior.
Das apreensões no período, quase 24 mil capturaram menores desacompanhados dos pais – aumento em 62% na comparação com o ano fiscal de 2017-2018.

A região do vale do Rio Grande, que é onde as autoridades concentraram os levantamentos, tem o maior volume de imigração clandestina na fronteira entre EUA e México.
Somente em junho, durante a visita dos representantes do governo norte-americano, havia 8 mil detidos na região. Desses, 3,4 mil estavam sob custódia havia mais de 72 horas – considerado o limite legal para detenção de um imigrante clandestino. Uma das imagens mostra um imigrante segurando um cartaz: “Socorro! Preso há 40 dias aqui”.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem pressionado parlamentares a aprovarem novas leis sobre pedidos de asilo, em uma tentativa de estancar o fluxo migratório da América Central.

Na semana passada, o Congresso dos EUA aprovou um orçamento de US$ 4,6 bilhões destinado a recursos para os cuidados na fronteira com o México. Além disso, Trump anunciou em maio a proposta de revisar a lei migratória para favorecer “imigrantes legais”.

Fonte: A Semana