Sandra Baptista com seus filhos: – Rodrigo, 28, Claudia, 23, Gabriella, 18, e Rafael, 13 anos. Imagem: Chris Ortiz.

Parto no carro, queda na piscina, pijama ao invés do uniforme, bebê com sopro no coração. São vários os momentos em que a maternidade se mostra um momento único – de alegria, tristeza, preocupação, pavor ou até mesmo de risos.

Em matéria especial para o Dia das Mães, reunimos quatro brasileiras que moram na Flórida para contar momentos marcantes que passaram com ou pelos filhos e como isso as ajudou a entender melhor a maternidade.

Parto dentro do carro em Orlando

A empresária Sandra Baptista, mãe de quatro filhos – Rodrigo, 28, Claudia, 23, Gabriella, 18, e Rafael, 13 anos, conta como o nascimento do último filho foi surpreendente e se transformou em uma história de coragem e de vitória.

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“Sempre tive partos normais, mas o do Rafael foi inusitado, algo que nunca imaginei passar. Minha bolsa estourou às 4h30 da manhã. Deixamos as duas meninas (com 10 e 4 anos na época) com os amigos e seguimos para o hospital. Moro no Metrowest e fica umas 8 milhas do Hospital Winnie Palmer em Downtown Orlando. No meio do caminho as contrações aumentaram muito e o bebê começou a fazer pressão embaixo. Meu esposo, Paulo, dirigia o mais rápido possível e notou que algo estava acontecendo.

Eu reclinei o banco do lado carona e coloquei as pernas para cima (já estava na posição). Ele começou a ver a cabeça do Rafael querendo sair e tentou me tranquilizar”, conta.

Os dois seguiam rápido para o hospital, mas para a surpresa dos pais, o bebê não esperou. “Meu esposo percebeu que não daria tempo. Ele parou o carro atrás de um carro de polícia (estava vazio) e correu para abrir a porta do carona e me ajudou a fazer o parto ali mesmo”, detalha.

Cortando o cordão umbilical

“O bebê nasceu, meu esposo o colocou no meu peito e com uma mão segurou o cordão umbilical e com a outra foi dirigindo até chegar ao hospital. Assim que chegamos, o segurança chamou os médicos e enfermeiros pelo rádio e fomos tratados ainda dentro do carro. Nos deram os primeiros socorros ali mesmo. Depois, fomos levados para dentro do hospital. Quando o pediatra ia cortar o cordão umbilical, meu esposo perguntou se não podia cortá-lo, já que ele já havia feito todo o trabalho. O médico permitiu. Tanto que na certidão de nascimento do Rafael o nome do pai aparece duas vezes: como pai e no lugar do médico que recebeu a criança”, destaca.

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Segundo a empresária, apesar do parto inusitado, mãe e filho não tiveram nenhuma infecção ou problema de saúde. “Foi uma grande benção que recebemos de Deus! E hoje, o Rafael adora contar sua história para professoras e amiguinhos na escola”, finaliza emocionada.

Camila Mello com os dois filhos, Lucas, 14, Marina, 9, e o marido. Imagem: arquivo pessoal.

Fadiga maternal 

Camila Mello mora com os dois filhos, Lucas, 14, Marina, 9, e o marido, em Deerfield Beach e por algumas vezes se deu conta de que o estresse maternal chega a ser engraçado. Ela conta algumas situações embaraçosas e cômicas que passou com os filhos.

“Quando meu primeiro filho nasceu, eu ainda estava trabalhando de 9am às 6pm, além de cuidar dele (do bebê), da casa e do marido. Um dia saímos para jantar com uns amigos e eu sempre com o bebê no colo.

Quando chegamos na porta do restaurante, eu percebo que estava com um sapato de cada cor e o pior, de alturas diferentes. Uma sapatilha e um de salto, ou seja, eu saí de casa manca com a criança pendurada no colo e só percebi quando estava na fila de espera da entrada do restaurante!”

Em outra situação, a “supermãe”, como ela se descreve, conta que foi pegar a filha na escola em um dia que em que a garota não tinha ido. “Ela estava em casa com o pai”. Ainda sobre filhos e escola, “já levei a garota de pijama para a aula porque ela não queria colocar o uniforme. E também já a levei várias vezes sem sapato só percebendo na porta da escola”, relata.

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“O maior mico” – Caio Castro e os sapatos na sala

Em um desses ataques de estresse veio o que ela considera “o maior de todos os micos da vida!” “Uma manhã, antes de ir para a escola, minha filha chorava que não tinha sapato nenhum que ela queria. Eu estava atrasada para ir para o trabalho, com TPM e ‘com o saco na lua’ tive um ataque de fúria e em destemperamento total joguei TODOS os sapatos da casa na sala, perto da porta de entrada. Saímos, fui para o trabalho e ela para a escola. Quando volto para casa na hora do almoço, abro a porta e do lado dos sapatos estava Caio Castro. Sim, Caio Castro estava na minha sala no dia do meu ataque de fúria”, relembra Camilla. 

Realidade também para outras mães, Melo atribui o estresse desses momentos que teve pela sobrecarga, falta da família por perto e por “querer fazer tudo eu mesma sem delegar para o marido”.
Apesar de tudo, entende que maternidade é aprendizagem e amor constantes. “Aprendo mais com eles do que eles comigo. A educação através do amor vale a pena! Eles sem dúvida são minha melhor versão”, salienta.

Queda do filho na piscina “Fui ao banheiro e quando voltei, ele não estava”

Casada e mãe de Kamilly, de 16 anos, e de Derek, de completa 4 este mês, Martha Batista viveu um susto muito grande com o filho na casa onde moram em Longwood, no condado de Seminole, região central da Flórida.

Em 17 de janeiro de 2019, a gaúcha, de Porto Alegre (RS), relembra que estava sozinha em casa quando tudo aconteceu. “Eu estava fazendo comida e o Derek assistindo TV. Eu fui ao banheiro e quando voltei ele não estava. Procurei pela casa toda. Na garagem, embaixo de tudo. E como ele não abria a porta dos fundos de casa, a piscina foi o último lugar que eu fui olhar”.

Ela encontrou o filho caído na piscina. “Eu o encontrei desacordado. Tirei ele da piscina, corri com ele nos braços para a frente de casa e comecei a fazer os primeiros socorros enquanto gritava por ajuda. Foi uma situação bem difícil, aquele momento de desespero você nem pensa em nada. Foi quando um senhor passou e entrou na garagem onde eu tava. Ele chamou a emergência Foi muito difícil ver meu filho praticamente morto. Meu coração tava dilacerado”, relembra emocionada.

Segundo Martha, o filho, que tem síndrome de down, ficou dois em observação no hospital. Durante esse tempo, ela foi afastada dele enquanto a polícia investigava para comprovar se tinha sido realmente um acidente. “Foi feita a perícia em casa e comprovado que foi acidente. No dia seguinte, foram colocadas travas nas portas em cima, fora do alcance dele, e a proteção na piscina. Pois se não fosse assim, meu filho não poderia ser liberado pra voltar para casa”, relata.

E deixa o recado a outras mães e pais: “Minha história não é engraçada, mas é real. Acho importante aqui na Flórida termos noções disso e que todo cuidado é pouco. E aprendi. Hoje, se vou no banheiro, levo ele junto”, finaliza emocionada. 

Flávia Figorello e o filho Hélio, hoje com 22 anos. Foto: arquivo pessoal.

Bebê com sopro no coração

Quando o filho do meio tinha 1 ano, Flávia Figorello veio de Volta Redonda (RJ) para os EUA. Ao levá-lo ao pediatra, descobriu que o bebê sofria de *sopro no coração.

“Eu o levei ao pediatra que disse que ele tinha sopro no coração – um buraco pequeno, mas que precisava ser acompanhado. Não poderia operar tão novo. Então, quando ele completou sete anos, o pediatra resolveu que era preciso fazer a cirurgia no coração. A cirurgia foi no Connecticut Children Hospital em Hartford, onde morávamos na época. Com o peito aberto, o coração foi parado temporariamente e retirado para ser fechado o buraco que estava crescendo. Foi o dia mais difícil de nossas vidas, foram horas de cirurgia, dias de hospital, mas graças a Deus ele se curou”, relata.

Hoje com 22 anos, Hélio é estudante de Psicologia da University of Central Florida. A família mora atualmente em Kissimmee, na região central da Flórida, e tem outras duas filhas: Maria, 26, e Rebecca Figorello, 13 anos.

“Ser mãe é conhecer o verdadeiro amor, é se alegrar com a alegria dos filhos e sentir a dor quando seu filho está com dor. Filhos são nossos tesouros mais valiosos nessa terra”, completa Flávia.

*Sopro cardíaco é um ruído produzido pela passagem do fluxo de sangue através das estruturas do coração. Ele pode ser funcional ou fisiológico (sopro inocente), ou patológico em decorrência de defeitos no coração. Cerca de 40%, 50% das crianças saudáveis apresentam sopros inocentes sem nenhuma outra alteração e com desenvolvimento físico absolutamente normal.

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Fonte: Gazeta News