Teste de vacina em laboratório. Foto: CDC/Unsplash.

Cerca de 35 empresas e instituições acadêmicas estão correndo para criar uma vacina que proteja contra o Sars-Cov-2, com pelo menos quatro das quais já têm candidatos que estão testando em animais com a vacina BCG virando uma alternativa para atenuar a gravidade da Covid-19.

Essa velocidade sem precedentes para se descobrir uma vacina que imunize o corpo humano se deve em grande parte aos primeiros esforços chineses para sequenciar o material genético do Sars-CoV-2, o vírus que causa o Covid-19. A China compartilhou essa sequência no início de janeiro, permitindo que grupos de pesquisa em todo o mundo cultivem o vírus vivo e estudem como ele invade células humanas e adoece as pessoas.

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Vacina BCG

Nesta semana, cientistas europeus e australianos anunciaram que testarão a vacina BCG, contra tuberculose, em princípio nos profissionais de saúde que trabalham diretamente com infectados. Ontem, uma equipe norte-americana publicou, na revista Science, um importante passo para a criação de uma imunização específica. Eles revelaram, em escala atômica, a estrutura do micro-organismo em contato com um anticorpo que pode combatê-lo.

Como são baixas as expectativas de que uma vacina contra o Sars-Cov-2 saia ainda neste ano, grupos de pesquisa idealizaram testes para utilizar uma substância já existente para proteger profissionais de saúde. “Sabemos há décadas que a BCG tem efeitos benéficos inespecíficos, ou seja, protege contra outras doenças além daquela para a qual foi criada, a tuberculose”, explicou à agência France-Presse (AFP) Camille Locht, diretora de pesquisa do Inserm no Instituto Pasteur de Lille, na França.

As crianças vacinadas com BCG sofrem menos de outras doenças respiratórias, e a fórmula é usada no tratamento de certos tipos de câncer de bexiga, além de proteger contra asma e doenças autoimunes, como o diabetes tipo 1. A hipótese é de que a vacina contra a tuberculose possa ter um efeito semelhante contra o novo coronavírus, reduzindo o risco de infecção ou limitando a gravidade dos sintomas.

No entanto, no caso da Covid-19, além da infecção pelo vírus, ocorre, nas formas severas, uma resposta imune excessiva, com a produção descontrolada de proteínas pró-inflamatórias, as citocinas. “A vacinação, em particular contra a BCG, poderia ajudar a orquestrar melhor essa resposta imune inflamatória”, explica Laurent Lagrost, diretor de pesquisa do Inserm, que trabalha nesses vínculos entre a inflamação e o sistema imunológico.

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Na Austrália, uma equipe de pesquisadores do Instituto Murdoch de Melbourne também lançou um grande estudo, incluindo 4 mil profissionais da saúde em hospitais de todo o país. “Esperamos ver uma redução na frequência e gravidade dos sintomas da Covid-19 para os profissionais da saúde vacinados com a BCG”, disse o líder da equipe, Nigel Curtis.

Empresas se empenham

A Covid-19 ainda não tem tratamento ou medicação específica para conter a doença – por isso, o avanço das pesquisas é tão importante para imunizar a população mundial.

No final de março, a Universidade de Oxford, na Inglaterra anunciou a convocação de voluntários para testar uma vacina; e a empresa Johnson & Johnson divulgou que começará testes em humanos até setembro deste ano – e afirmou que quer colocar 1 bilhão de doses no mercado no início de 2021.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até agora ao menos 54 pesquisas de vacinas estão em andamento em todo o mundo – 52 em fase pré-clínica e 2 em fase clínica.

Testes avançam em ratos

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh testaram com êxito em ratos uma vacina que neutraliza o novo coronavírus. A informação foi revelada em artigo publicado na quinta-feira, 2, pela revista EBioMedicine.

Segundo o artigo, a vacina é administrada em ratos por meio de microagulhas e produz anticorpos específicos contra o SARS-CoV-2, em quantidades consideradas suficientes para neutralizá-lo.

Quando aplicadas em ratos, as vacinas geraram um aumento de anticorpos à SARS-CoV-2, em cerca de duas semanas, o suficiente para neutralizar o vírus.

Os autores já deram entrada no pedido de solicitação, junto às autoridades americanas, para iniciar os primeiros testes clínicos com humanos, o que não significa, no entanto, que haverá disponibilização para a população no curto prazo.

Imagem do coronavírus que causa a síndrome respiratória no Oriente Médio (Mers), iniciada na Arábia Saudita em 2012. Foto: Reuters.

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Os coronavírus causaram outras duas epidemias recentes – síndrome respiratória aguda grave (Sars) na China em 2002-04 e síndrome respiratória no Oriente Médio (Mers), iniciada na Arábia Saudita em 2012. Em ambos os casos, o trabalho começou com vacinas mais tarde arquivado quando os surtos foram contidos.

Uma empresa, a Novavax, com sede em Maryland, agora redirecionou essas vacinas para o Sars-CoV-2 e diz que tem vários candidatos prontos para entrar em testes em humanos nesta primavera. Moderna, enquanto isso, se baseou em trabalhos anteriores sobre o vírus Mers, conduzidos no Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, em Bethesda, Maryland.

O Sars-CoV-2 compartilha entre 80% e 90% de seu material genético com o vírus que causou o Sars – daí o nome. Ambos consistem em uma tira de ácido ribonucleico (RNA) dentro de uma cápsula esférica de proteína coberta por espinhos. Os picos se prendem aos receptores na superfície das células que revestem o pulmão humano – o mesmo tipo de receptor em ambos os casos – permitindo que o vírus entre na célula. Uma vez dentro, ela sequestra o mecanismo reprodutivo da célula para produzir mais cópias de si mesma, antes de sair da célula novamente e matá-la no processo. Com informações do The Guardian e Reuters.

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Fonte: Gazeta News