WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O ex-presidente dos EUA Donald Trump, pré-candidato à reeleição pelo Partido Republicano, está mais próximo de ser indiciado pela terceira vez, segundo ele próprio. Desta vez, na investigação com maior potencial de danos a seu pleito de retornar a Casa Branca, a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Trump publicou na manhã desta terça-feira (18) em sua rede social, a Truth, que recebeu uma carta do Departamento de Justiça na noite de domingo (16) afirmando que ele tem quatro dias para se apresentar a um “grande júri”, grupo formado por “cidadãos comuns” previsto no direito americano que decide se um processo deve continuar ou não na Justiça.

A carta, segundo o republicano, foi enviada pelo conselheiro especial do Departamento de Justiça Jack Smith, responsável pelas investigações contra Trump na esfera federal e alvo da ira do republicano.

“O enlouquecido Jack Smith, o procurador do Departamento de Justiça de Joe Biden, enviou uma carta (domingo à noite!) declarando que sou um ALVO da investigação do grande júri do 6 de Janeiro e me dando quatro dias muito curtos para comparecer ao grande júri, o que quase sempre significa prisão e indiciamento”, escreveu o ex-presidente.

Com o anúncio, Trump tenta mais uma vez controlar a narrativa do indiciamento ao tentar mobilizar apoiadores. Da primeira vez que foi indiciado, em março, pela Justiça de NY, ele havia anunciado 12 dias antes em sua rede social que isso aconteceria, aproveitando para convocar apoiadores em sua defesa –autoridades prepararam esquemas de segurança na ocasião, mas não houve protestos relevantes.

Trump também foi indiciado em junho, em outro caso, dessa vez na esfera federal, por acusações de violação da lei de espionagem e obstrução de Justiça por manter documentos secretos depois de deixar a Presidência.

Mas os dois primeiros processos não afetavam seu pleito de concorrer novamente à Presidência, porque não há instrumento similar à Lei da Ficha Limpa nos EUA. A única brecha para tirá-lo da corrida seria pela 14ª Emenda da Constituição, que proíbe quem “tiver se envolvido em insurreição ou rebelião” contra o governo de ocupar cargos civis ou militares em governos federal ou estadual.

É nesse ponto que um possível indiciamento no caso da invasão do Capitólio pode causar problemas para sua reeleição, ao tirá-lo da Casa Branca. O comitê da Câmara que investigou o episódio chegou a recomendar a acusação formal dele por insurreição, mas o Departamento de Justiça não enquadrou nenhum envolvido na invasão até agora pelo crime.