Trabalhando há dois anos como motorista no aplicativo Uber, uma brasileira conversou com a…

Trabalhando há dois anos como motorista no aplicativo Uber, uma brasileira conversou com a equipe de reportagem do A Hora da Notícia, comandada pelo jornalista Eduardo Oliveira, para denunciar um suposto abuso sexual que sofreu por parte de passageiro. De acordo com a reportagem, ela pediu para ter o seu nome mantido em sigilo e afirmou que um passageiro norte-americano teria oferecido US$100 em troca de sexo.

Apesar do caso ter acontecido em julho de 2018, a motorista decidiu contar a história para expor o problema que muitos que atuam neste trabalho enfrentam. “Eu me senti humilhada”, disse ela ressaltando que o passageiro retirou o cinto de segurança e tentou tocar os seios dela.

Ao perceber o que ele tentava, ela gritou para não tocá-la. “Eu sou apenas uma motorista de Uber”, disse ela em inglês.

Mesmo com a brasileira fazendo o alerta, o passageiro continuou suas investidas. Ela, que é casada e tem dois filhos pequenos, disse que o suspeito tentou tocar em suas partes íntimas. “Ele parecia estar embriagado e insistia muito em ter relação sexual”, continua.

A reportagem relata que ao perceber que a situação oferecia risco e poderia causar até um acidente, para acalmar o passageiro a brasileira disse que iria para a casa dele. “Ele disse ‘vai mesmo? Eu te dou o que você quiser’”, fala.

Neste momento a brasileira lembrou de registrar o ocorrido, ela tirou fotos e fez uma breve filmagem, que foi entregue à polícia.

Em seguida, a motorista da Uber parou na frente de uma casa que estava com a luz acessa e com voz firme gritou para o passageiro sair do carro. Dentro da casa, uma pessoa começou a ligar para a polícia. O passageiro se assustou, saiu do carro e fugiu. Apenas dois dias depois o americano se apresentou à delegacia de Arlington (Massachusetts).

A demora na resolução do caso deixou a brasileira com incerteza sobre o processo judicial. Mas ela disse que foi muito bem tratada pelos promotores e investigadores. “Eu fiquei muito abalada e estou em tratamento médico psicológico e psiquiátrico,” diz ela à reportagem.

De acordo com as informações, como o agressor é réu primário e não houve estupro, a defensora do Estado recomendou 18 meses de liberdade supervisionada, mas qualquer delito neste período, poderia levá-lo direto para cadeia. O detetive do caso disse que o rapaz é de família importante em Massachusetts.

Em uma audiência no Tribunal de Arlington, nesta terça-feira, 12, a brasileira teve o direito de apresentar o seu “victim statement”, que é a declaração em que a vítima diz como o crime a impactou. “Sofrer um assédio sexual é sentir-se violada passando a ter memórias vividas e intensas a todo momento. Essas malditas lembranças se relacionam com sentimentos de depressão e ansiedade mas o transtorno de estresse pós-traumático é presente nos meus dias,” disse ela, em texto escrito, que seria traduzido e entregue ao juiz.

Ainda na audiência, o advogado do agressor pediu ao juiz permissão para conduzir um exame psicológico para detectar se o seu cliente tem tendência de ser abusador sexual.

O caso não foi fechado e o americano volta ao tribunal no dia 10 de maio.

Após a audiência na Corte, a brasileira diz que não se sentiu vitoriosa e sim aliviada. Ela pediu à nossa reportagem para enviar um recado às outras brasileiras que dirigem para a Uber ou Lyft. “Peça para que todas as mulheres, independente de status imigratório, denunciem os abusos sexuais, assédios e afins. Porque realmente há justiça nesse país”.

Fonte: Redação Braziliantimes

Fonte: Brazilian Times