Em entrevista à CNN, Paula Magalhães, economista-chefe da AC Pastore, falou sobre as divergências entre os economistas e os políticos da equipe de transição governo.

Segundo ela, o que mais preocupa o mercado é a proposta de tirar o Auxílio Brasil do teto de gastos, porque já é uma regra fiscal que tem “sofrido alguns golpes”.

“Algumas PECs que a gente aprovou para gastar a mais além do que o teto de gastos permitia faz perder muito da credibilidade fiscal. A gente precisa agora de previsibilidade. Se todo ano que o teto de gastos atrapalha você aprova uma PEC para gastar a mais, a regra não está funcionando. Então, a gente tem que rever essa regra”, avaliou.

De acordo com a economista, o “waiver” – licença para gastar além do teto – já estava precificado pelo mercado. “Já se sabia que teria desde que as promessas de campanhas começaram a ficar além daquilo que estava no orçamento. Aliás, quando a equipe econômica apresentou o orçamento, já havia a promessa do presidente Jair Bolsonaro que o Auxílio Brasil de R$ 600 seria mantido, mas o orçamento foi enviando sem isso. Naquele momento, em agosto, a equipe econômica falou que ‘realmente, precisaremos de uma PEC’”, comentou.

Paula apontou que o orçamento de 2023 que foi enviado tem falhas. “O teto de gastos dentro daquele orçamento foi calculado com o IPCA de 7,2%, lembrando que desde a PEC dos Precatórios a gente usa o índice de dezembro para calcular qual vai ser o teto do ano que vem. Depois que nós tivemos quedas nos preços dos combustíveis, a inflação caiu bastante e não vai mais ser 7,2%. Dependendo da conta que você faz já tem uns R$ 20 a 30 bilhões que teto de gastos está superestimado”, avaliou.

(Publicado por Marina Toledo)

Fonte: CNN Brasil