A Polícia Federal (PF) cumpriu nesta terça-feira (23) mandados de busca e apreensão contra oito empresários que, segundo uma reportagem do portal “Metrópoles”, teriam defendido, em um grupo de WhatsApp, um golpe de estado no Brasil em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições.

A CNN apurou que a operação causou mal estar entre a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Supremo Tribunal Federal (STF). Isso porque o procurador Augusto Aras alegou tomar conhecimento da decisão somente nesta terça. Entretanto, a troca de documentos entre os órgãos mostra que o ministro Alexandre de Moraes notificou o gabinete de Aras na tarde da última segunda-feira (22) a respeito da operação.

A PF apreendeu celulares, computadores, pen drives e outros arquivos digitais dos investigados. Moraes também determinou que sejam colhidos depoimentos, além da quebra de sigilo bancário e o bloqueio das contas dos empresários nas redes sociais.

A operação acontece no âmbito do inquérito das milícias digitais, que investiga uma suposta organização criminosa responsável pela disseminação de fake news e ataques às instituições. O foco principal da ação é descobrir se os alvos da operação desta terça financiaram atos antidemocráticos pelo país.

Um dos alvos da investigação é Luciano Hang, dono das lojas Havan. A Polícia Federal esteve em três endereços ligados ao empresário, que está sob a suspeita de financiar a disseminação de fake news o empresário afirma que em momento algum atacou as instituições ou tenha falado sobre golpe.

“Jamais falei sobre os Poderes, jamais falei sobre o STF. Até porque eu sei e acredito na democracia, na liberdade entre os Poderes”, declarou Hang.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), comentou a operação da PF e afirmou que quem prega a volta da ditadura presta um desserviço ao país e que arroubos precisam ser repudiados. Mas, para Pacheco, essas declarações não representam risco à democracia.

“Acho que toda pessoa que prega retrocesso democrático, atos inconstitucionais, volta da ditadura, está redondamente equivocado, é um desserviço ao país, é uma traição a pátria, e isso, obviamente, tem que ser rechaçado, tem que ser repudiado com toda veemência por todas as instituições”, disse.

No campo bolsonarista, quem se manifestou contra a operação e em defesa dos investigados foram os filhos do presidente. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ironizou a ação dizendo que acreditava que competência originária no STF era só para quem tivesse foro por prerrogativa de função.

Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) escreveu nas redes sociais que é “insano determinar busca e apreensão sobre empresários honestos, que geram milhares de empregos, alguns conhecidos de ministros do STF (que sabidamente jamais tramariam “golpe” nenhum) por dizerem que preferem qualquer coisa ao ex-presidiário, numa conversa privada de WhatsApp”.

Fonte: CNN Brasil