Em trecho da delação homologada pela Justiça, o ex-policial-militar Élcio Queiroz, suspeito de participação nos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ressaltou o “acréscimo patrimonial” de Ronnie Lessa, outro suspeito das mortes, após o crime.

Além de trocar sua Land Rover Evoque por uma Dodge Ram blindada, Lessa teria ainda adquirido uma lancha nova e iniciado a construção de uma casa em Angra dos Reis, no litoral fluminense.

“Depois do fato, houve um acréscimo muito grande no patrimônio. [Ronnie Lessa] tinha uma [Land Rover] Evoque, trocou por uma Dodge Ram blindada…uma lancha, uma nova, que ele tinha [inaudível] no quebra-mar, ele refez, deu quase perda total, mandou reformar, vendeu, trocou por uma zero e depois disso viajou com o meu filho. Depois, teve a situação do terreno dele em Angra dos Reis. Ele tava indo direto, querendo fazer a casa dele ali, do jeito dele, a casa, com mais umas casinhas lá”, contou Élcio, que é suspeito de ter dirigido o carro que perseguiu Marielle e Anderson na noite do crime.

Ronnie Lessa revelou tentativa de assassinar Marielle em 2017, diz Élcio

Ainda em sua delação, Élcio afirmou que Lessa tentou matar Marielle em 2017, mas se viu frustrado após ter um problema com o carro que seria utilizado para cometer o crime.

Na ocasião, Lessa estaria acompanhado do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, que dirigia o veículo. Ele foi preso pela Polícia Federal (PF) na segunda-feira (24).

“Em tom de desabafo, ele comentou comigo que tava chateado, que ele tava num trabalho já há algum tempo e teve a oportunidade de um alvo que seria uma mulher…ele estava com esse trabalho…ele, o Suel [Maxwell Simões Corrêa, preso na segunda-feira (24)] e o Macalé [PM executado em 2021] e eles estavam já há um tempo ‘campanando’ esse alvo e teve (sic) uma oportunidade de chegar [ao alvo] um dia na área do Estácio e, na hora que foi para acontecer o crime, o Ronnie achou que houve um refugo…que o carro deu problema. Ele pediu para [o Suel] emparelhar, mas na hora que ele mandou emparelhar, o carro deu um problema”, revelou Élcio (veja o vídeo abaixo).

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MP: Ronnie pago advogados de Élcio para evitar delação

De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), Lessa fez pagamentos aos advogados de Élcio na tentativa de persuadi-lo a não assinar uma delação premiada.

Em outro trecho da delação de Élcio, o ex-PM declarou que seus advogados foram escolhidos e eram pagos por Lessa. O MP diz ainda que os pagamentos, parte de uma mesada de R$ 10 mil que Élcio recebia, visava evitar que ele voluntariamente auxiliasse a Justiça.

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Élcio detalhou rota de fuga após assassinato de Marielle; veja

  • Dois dias antes do crime, Ronnie Lessa pesquisou o CPF de Marielle e de sua filha; 
  • Às 12h [do dia 14/03/2018], Ronnie convida Élcio Queiroz para sua residência;
  • No local, Élcio avista Ronnie com uma bolsa. Em seguida, ambos embarcam no Chevrolet Cobalt prata;
  • Ronnie foi durante todo o trajeto até o centro da cidade no banco da frente e, chegando ao Instituto Casa das Pretas, ele deslizou para o banco de trás e se equipou;
  • Após cometerem o crime, ambos tomaram o acesso à Avenida Brasil e seguiram pela Linha Amarela até o Méier;
  • De lá, ambos foram até a casa de Ronnie. No local, eles interfonaram para o irmão de Ronnie, Denis Lessa, entregaram-lhe a bolsa contendo os apetrechos utilizados no crime e pediram que Denis chamasse um táxi para ambos até a Barra da Tijuca.
  • Chegando ao destino, eles embarcaram no carro de Ronnie, ativaram seus celulares e seguiram para o Restaurante Resenha.

Cronologia do assassinato de Marielle Franco

Fonte: CNN Brasil