• Leandro Prazeres
  • Da BBC News Brasil em Brasília

Há 47 minutos

Jair Bolsonaro discursa

Crédito, EPA

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, conversaram por telefone nesta quinta-feira (3/3) sobre a situação da Ucrânia e concordaram em pedir um cessar-fogo “urgente” no país europeu alvo de uma invasão das tropas russas.

A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa do governo britânico. A BBC News Brasil procurou o Itamaraty e o Palácio do Planalto, mas ainda não obteve resposta.

De acordo com a nota, a conversa ocorreu na noite desta quinta-feira. O comunicado diz que Johnson classificou as ações russas na Ucrânia como “repugnantes”, mas não informa como Bolsonaro tratou o assunto.

“Os líderes concordaram com a exigência de um cessar-fogo urgente na Ucrânia e disseram que a paz tem que prevalecer. O primeiro-ministro disse que as ações do regime russo na Ucrânia eram repugnantes. Ele acrescentou que civis inocentes estão sendo mortos e cidades destruídas, e o mundo não pode permitir que a agressão do presidente Putin tenha sucesso”, diz um trecho da nota.

Em outro ponto, o comunicado afirma que a “voz” do Brasil foi “crucial” na atual crise da Ucrânia.

“O Brasil foi um aliado vital na Segunda Guerra Mundial, e sua voz foi novamente crucial neste momento de crise, disse o primeiro-ministro ao líder brasileiro”, diz o documento.

A nota não informa quando e de que forma essa “exigência” por um cessar-fogo será feita.

Boris Johnson discursa

Crédito, Reuters

Comunicado diz que Johnson classificou as ações russas na Ucrânia como ‘repugnantes’

Na terça-feira, a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução reprovando a invasão russa da Ucrânia e pedindo o fim dos combates na região. O Brasil votou a favor da resolução.

A medida, no entanto, é diferente da postura adotada publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro. O presidente defende que o Brasil deva se manter neutro em relação ao conflito.

Em entrevista coletiva realizada no domingo (27/02), ele evitou condenar a Rússia ou o presidente Vladimir Putin. Ele descartou, ainda, a adoção de sanções econômicas contra o país.

Segundo Bolsonaro, o Brasil é dependente dos fertilizantes exportados pelos russos e uma decisão sua poderia ter consequências negativas para o agronegócio brasileiro.

Em transmissão feita em suas redes sociais após a conversa, Bolsonaro não mencionou a conversa com Boris Johnson. Ao falar sobre a crise na Ucrânia, ele voltou a dizer que a posição do Brasil deve ser de “equilíbrio”.

“Algumas pessoas cobram: ‘Você tem que ter uma posição mais firme de um lado ou de outro’. O Brasil continua numa posição de equilíbrio, tá? Nós temos negócio com os dois. Não temos a capacidade de resolver esse assunto, então o equilíbrio é a posição mais sensata por parte do governo federal”, disse Bolsonaro.

Em outro momento, o presidente disse que o Brasil não poderia correr o risco de atrair problemas na tentativa de solucionar a crise na Ucrânia, em uma menção à dependência do Brasil em relação aos fertilizantes exportados pela Rússia e que são usados pelo agronegócio brasileiro.

“Não podemos buscar solução para um problema lá fora que passa muito mais pelos contendores do que por nós e trazer um problema maior para o nosso solo pátrio. Somos de paz”, afirmou.

Invasão condenada internacionalmente

A invasão da Rússia à Ucrânia começou no dia 24 de fevereiro. Segundo o presidente russo, a ação visa a “desnazificação” da Ucrânia. O governo ucraniano, por outro lado, alega que a ação tem o objetivo de controlar o país.

A atitude do governo russo tem sido condenada internacionalmente por diversos países e organismos internacionais. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), mais de um milhão de pessoas já deixaram a Ucrânia em direção a países como a Polônia, Romênia e Hungria.

O número de mortos não pode ser verificado de forma independente, mas de acordo com a ONU, pelo menos 227 civis já foram mortos. A quantidade de soldados vítimas do conflito também não pode ser verificada, mas o governo ucraniano afirmou, há dois dias, que pelo menos cinco mil soldados russos já haviam sido mortos desde o início do conflito. A Rússia não confirma esses dados.

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Fonte: BBC