O mercado de voos regionais, operados por aeronaves pequenas, deve crescer nos próximos anos no Brasil. A Azul comprou em julho a Two Flex, empresa especializada nesse filão, mas focada no transporte de cargas, e a rebatizou de Azul Conecta, que mescla as remessas com o transporte de passageiros.

“O Brasil tem muitos mercados em ascensão, mas aeroportos que têm infraestrutura precária, onde não poderíamos operar com aviões grandes”, diz Marcelo Bento, diretor de relações institucionais e alianças da Azul.

A maior parte da operação ainda é de carga, mas isso deve mudar “muito em breve”.

A Conecta já adicionou dois destinos à sua lista: Serra Talhada e Caruaru, no interior de Pernambuco, com voos a partir do Recife, e estuda novos trajetos em SP, PR e RS.

As viagens são em aeronaves Cessna Caravan, que podem levar 9 passageiros. A frota é composta por 17 deles.

No próximo verão, a empresa já anunciou que usará a Conecta para operar voos pontuais para destinos da estação.

“Sempre tivemos voos especiais nessa época, mas agora surgiram novas oportunidades, para chegar a aeroportos menores”, afirma Bento.

As rotas incluem, por exemplo, saídas de Congonhas a Itanhaém, Ubatuba e Angra dos Reis, de Confins a Guarapari e de Porto Alegre a Canela e Torres. De São Paulo a Ubatuba, uma viagem de 228 km, as passagens entre 17 e 20 de dezembro saem por R$ 712,37, ida e volta.

Bento diz que a operação funcionará como um teste e que a empresa pretende expandir o modelo para outras épocas do ano, como férias de julho e feriados. A companhia não descarta que alguns voos virem até regulares no futuro.

Mas não é só a Azul que olha para o nicho. Novas empresas se preparam para entrar no setor e buscam autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para fazê-lo.

É o caso da Nella, que quer atender exclusivamente o interior. Segundo Caetano Melo, gerente de marketing, o foco deve ser no Nordeste e no Sudeste. A companhia segue o modelo low cost e aposta numa frota própria para conseguir preços mais baixos. Os aviões serão do modelo ATR-72-600, para 72 passageiros.

A sede será em Brasília. “Quando a Anac autorizar, conseguiremos operar no dia seguinte”, diz Melo. A expectativa é que isso aconteça no primeiro semestre de 2021.

“É difícil uma nova empresa conseguir operar a partir de bons aeroportos no Brasil, mas na crise [como a causada pela Covid-19] se abre algum espaço”, diz Alessandro Oliveira, economista e professor do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica).

De acordo com a Anac, a Nella está na fase 1 do processo de aprovação. É o passo inicial. Dos quatro pedidos de novas companhias em análise pela agência, dois são de empresas que querem operar voos de passageiros em trajetos sub-regionais.

Fonte: Folha de S.Paulo