SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A defesa de Simone Regina de Abreu Nunes, 37, motociclista atropelada por Lima Duarte, 93, questiona se o ator estava sob efeito de medicamentos ou bebidas alcoólicas durante o acidente ocorrido em São Paulo há quase dois meses — a equipe do ator negou e disse que ele está sendo alvo de calúnia.

A reportagem teve acesso a uma solicitação de procedimento administrativo que, segundo a defesa, foi encaminhada ao Ministério Público de São Paulo nesta terça-feira (2).

O MP requisitou instauração de inquérito policial para apurar o caso, confirmou a instituição em contato com a reportagem.

O relato aponta que procedimentos padronizados não foram realizados após o acidente, como o teste de bafômetro, a realização de perícia no local e a apresentação dos envolvidos em uma delegacia.

“A culpa do acidente é do excesso de velocidade de Ariclenes Martins (Lima Duarte), quiçá drogado por medicação ou mesmo por bebida alcoólica”, relatou a defesa no documento.

“Eu vi as imagens e Lima Duarte estava ali parado, de um jeito diferente […] Ele queria sair dessa situação, e não fizeram dosagem alcoólica. Pode ser que tenha, agora vai aparecer. Podem ter escondido um resultado positivo”, afirmou Angelo Carbone em conversa com a reportagem.

‘Não existe nada disso’, informou a equipe de Lima Duarte em contato com a reportagem. “Várias pessoas testemunharam o acidente e disseram que o Lima não teve culpa. A motociclista estava transitando em uma faixa de ônibus”.

A assessoria reforçou que o ator não reconhece responsabilidade pelo acidente. “Em breve, nossos advogados poderão esclarecer à imprensa, além de tomar todas as medidas legais cabíveis, para defender o ator Lima Duarte das gravíssimas inverdades, calúnias e difamações”.

As testemunhas não foram identificadas ou ouvidas, conforme o posicionamento da defesa. “Pois, em tese, podem estar praticando o crime de falso testemunho”, completou o texto.

A defesa de cobra R$ 1,2 milhão de indenização por danos morais. A ação foi distribuída nesta quarta-feira (3) pelo Tribunal de Justiça de São Paulo na última sexta-feira (28).

EXISTIU UM ACORDO?

Lima Duarte pagou R$ 30 mil à Simone, segundo comprovante bancário da transferência feito pelo ator, que foi obtido pela reportagem. O artista teria estabelecido um acordo com a vítima após o ocorrido.

Simone se arrependeu do trato, que não foi protocolado oficialmente, segundo o advogado da motociclista. “Ela estava precisando de dinheiro, sem trabalhar, não é registrada e tinha uma moto alugada. Ela precisava comer”, afirma Ângelo Carbone.

A tratativa entre as partes foi confirmada pela equipe de Lima Duarte. “Temos comprovação de que o acordo foi pago e assinado de forma consciente e amistosa. Foi realizado com o único intuito humanitário de auxiliar a motociclista no seu período de recuperação”.

“A mulher ‘perdeu’ a vida, está em uma dependência terrível. […] Ele é um artista multimilionário, tem um grande patrimônio e faz um negócio desse com uma pessoa humilde? Como se fosse mera liberalidade, um presente?”, comentou Angelo Carbone na sexta-feira (28) em papo com a reportagem.

COMO FOI O ACIDENTE

O atropelamento ocorreu na avenida Antártica, no bairro da Barra Funda, em São Paulo. A informação foi confirmada pelo próprio artista em comunicado divulgado nas redes sociais.

Na época, o artista disse que prestou os devidos socorros à vítima. Além disso, Lima garantiu que sua carteira de motorista está válida e regularizada.

“Estamos torcendo pela recuperação da motociclista e acompanhando a evolução de seu tratamento no hospital, por meio de um representante da família”, acrescentou na publicação.

Simone alegou ter cinco ossos da bacia quebrados durante conversa com a jornalista Fábia Oliveira, do portal Em Off, dias após o acidente.

“Ele falou pros policiais que ia pagar os danos da moto, para não ficar preocupado. Mas ele não quis saber se tinha hospital, se eu tinha um convênio, se eu precisava de alguma assistência, se meus filhos iam ter algum apoio”, afirmou na época.

A motociclista deu detalhes do acidente. “Antes de eu atravessar a ponte, eu ouvi o pessoal do ponto gritando: ‘Não moço, não’. Quando eu olhei para o meu lado esquerdo, tinha um carro me ultrapassando numa velocidade bem maior do que a que eu estava com a moto. Mas ele me ultrapassou raspando em mim, me levando junto. Ele não estava no espaço suficiente para passar do meu lado”.

“A minha prioridade foi garantir que a motociclista recebesse a assistência necessária e que a situação fosse tratada com a maior seriedade possível”, informou Lima Duarte em nota oficial divulgada na época.