Gutemberg Mozart Coronavírus faz mineiro desistir dos EUA e retornar ao Brasil
Natural de Belo Horizonte (MG), Gutemberg Mozart, de 52 anos, morador em New Jersey, vive nos EUA há 4 anos (Foto: Facebook)

Gutemberg Mozart, de 52 anos, morador em New Jersey, comprou a passagem somente de ida para a segunda-feira (4)

A pandemia de coronavírus afetou gravemente a economia dos EUA e diretamente a vida dos estadunidenses. Entretanto, uma parcela da população também fortemente impactada foram os imigrantes, particularmente os indocumentados. Enquanto tentam sobreviver durante esse período crítico, inúmeros deles decidiram desistir e retornar aos seus países de origem.
O brasileiro Gutemberg Mozart, de 52 anos, natural de Belo Horizonte (MG), morador em New Jersey, que vive nos EUA há 6 anos, é um deles que resolveu voltar, relatou ele ao portal G1. Uns dos setores mais afetados na economia foram a construção civil e o setor de hospitalidade, entre eles bares e restaurantes, os quais empregam uma considerável parcela de imigrantes.

“Já estava querendo voltar antes dessa crise. Agora, parou tudo. Tive que pedir um empréstimo para comprar a passagem. Se não houver mudança no voo, na segunda-feira (4), embarco. Estou aliviado porque vou sair desse pesadelo”, relatou Mozart ao G1.
“Os trabalhos pararam de uma vez. Para não deixar a gente parado de tudo, o empregador montou um tipo de rodízio e cada dia um trabalha. Mas como você vai manter o aluguel, que é caríssimo?” Perguntou.

Sem a ajuda governamental, pois uma considerável parcela deles está em situação migratória irregular nos EUA, muitos estrangeiros têm dependido de cestas básicas que são distribuídas por voluntários de ONGs locais. Uma delas é o Mantena Global Care, com sede no bairro do Ironbound, em Newark (NJ), a qual vem atuando ativamente desde o início da quarentena (Lockdown, em inglês) imposta pelas autoridades estaduais.

“Não bebo, não fumo e não guardei dinheiro. Nesses quase seis anos, eu mandei R$ 20 mil para o Brasil e foi tudo. Tem muita gente que mente. Para ganhar dinheiro aqui tem que usar a mesma roupa a semana toda. Não pode fazer nenhum tipo de gracinha”, relatou Gutemberg. “Os trabalhos pararam de uma vez. Para não deixar a gente parado de tudo, o empregador montou um tipo de rodízio e cada dia um trabalha. Mas como você vai manter o aluguel, que é caríssimo?” Indagou.

“A vida do imigrante nos Estados Unidos é uma grande ilusão, é uma grande propaganda de Hollywood. Quando você pensa no sonho americano, você está vivendo o sonho do americano e não o seu! Está comprando a fantasia dele, está sendo explorado por ele em troca de um tênis, de um carro”, disse Mozart.

. Perfil dos retornados:

Ainda assim, há imigrantes que preferem permanecer no país, aguardando a passagem da crise e na esperança de dias melhores. Na segunda-feira (4), a equipe de reportagem do BV entrevistou a mineira Solange Paizante, coordenadora do Mantena Global Care. Ela relatou que a ONG tem recebido telefonemas de diversos brasileiros em busca de ajuda e que a quase totalidade são imigrantes recém-chegados, que entraram nos EUA através da fronteira com o México, através do sistema conhecido como “Cai-cai”, com filhos menores de idade, e que ainda estavam se estabelecendo no país, muitos deles ainda morando na casa de amigos.
Ela citou que casos como o de Gutemberg, que residia nos EUA há 4 anos, tem sido uma exceção entre aqueles que decidiram retornar.

“Além de ainda não terem se estabelecido nos EUA, essas pessoas vieram com crianças pela fronteira e muitos delas deixaram dívidas no Brasil. A situação está difícil para todos, mas especialmente para aqueles que chegaram há pouco tempo”, relatou Paizante.

O Mantena Global Care liderou uma campanha de distribuição de cestas básicas aos imigrantes carentes. Mais informações podem ser obtidas através do tel.: (973) 344-1644.

Fonte: Brazilian Voice