Foto5 Gisele e John Fetterman Brasileira, 2ª dama da Pensilvânia combate o ódio aos imigrantes
“Eu recebo mensagens de ódio sempre por ser muito pública e sobre o meu status”, disse Gisele (dir.), casada com John Fetterman (esq.), vice-governador da Pensilvânia

A carioca Gisele Barreto Fetterman não esconde publicamente o fato de que imigrou aos EUA na infância e já foi indocumentada

Na terça-feira (26), a nova 2ª dama da Pensilvânia visitou a redação do Al Dia News para discutir sua nova plataforma e o potencial para realizar mudanças no estado e além. A carioca Gisele Barreto Fetterman tem muito orgulho de sua história como imigrante, isso não é segredo, mas é algo pelo qual ela tem sido elogiada e criticada.

“Eu recebo mensagens de ódio sempre por ser muito pública e sobre o meu status”, disse Fetterman, que durante a entrevista discutiu seus planos como segunda-dama da Pensilvânia. Ela imigrou para os EUA aos 7 anos de idade com a mãe e o irmão, primeiro chegando ao Queens (NY) e depois se estabelecendo em Harrison (NJ). Gisele desenvolveu a paixão pela filantropia, fato que ela associa à jornada dela anterior como indocumentada. Sua paixão por se conectar com diferentes indivíduos e comunidades também a ajudou a abordar melhor as críticas que ela recebe por ser imigrante.

“Isso permite conversas e apenas conversas vão mudar essas mentes”, disse Fetterman ao Al Dia.

Ela se lembra de uma vez em que um americano a quem servia comida em um de seus muitos eventos filantrópicos queixou-se sobre a imigração. “Ele me disse que os imigrantes não deveriam estar aqui, mas eu não era como eles (imigrantes) porque eu estava fazendo coisas legais”, relatou Fetterman.

Em vez de condescender ou criticar o homem por seu ponto de vista, ela continuou a ter uma conversa aberta com ele porque queria entender de onde vinham essas opiniões. “Está vindo do medo, mas se eu estiver disposta a ouvir e ele estiver disposto a compartilhar, então poderemos chegar a algum lugar”, disse ela, observando que a conversa terminou com um abraço e um pedido de desculpas.

A franqueza de Fetterman é uma abordagem que nem sempre é aparente na discussão da mídia em torno da política nacional, mas é uma qualidade que definiu as carreiras dela e do marido, John, agora vice-governador da Pensilvânia. “As pessoas têm que fazer parte da conversa”, disse ela. “Está sempre ouvindo; muita escuta. Nunca está entrando em uma sala já com respostas”.

Gisele usou a abordagem para redefinir o que significa ser um imigrante nos EUA, tanto para imigrantes quanto para aqueles que os veem negativamente. A nova plataforma dela como segunda-dama da Pensilvânia leva sua discussão a novos patamares e a coloca em um nível mais nacional. Ela agora poderia redefinir o que significa ser líder, um papel que muitas vezes foi definido pela dureza e por qualidades mais estereotipadas e “masculinas”.

Há uma nova onda de mulheres na política em todo o país desafiando regras sociais e históricas sobre o que é liderança. Quando perguntada sobre seu lugar entre uma nova onda de mulheres líderes na política, ela elogiou a força de figuras como as congressistas Alexandria Ocasio Cortez e Ilhan Omar, mas fez uma diferença importante em sua abordagem como figura pública que busca efetuar mudanças de fora da esfera política.

“Eu não sou tão dura e admiro isso. Eu gostaria de ter um pouco disso em mim, mas não tenho isso em mim. Eu tenho uma abordagem muito mais suave”, disse Fetterman.

Ela admitiu ter lutado no passado com essa abordagem “suave”, especialmente em contextos políticos. Mas, com o tempo, sentiu apreço pelo poder nessa “fraqueza” percebida.

“Eu aprendi que é realmente uma das minhas forças; ser vulnerável. Isso me permite ser uma boa ouvinte, compartilhar minha dor com alguém e talvez alcançá-los de uma forma que talvez uma pessoa dura não consiga”, disse ela.

Fetterman é a primeira a dizer que ela não é uma figura política “porque a política é cruel e eu não sou”, mas sua disposição em entender outras perspectivas é algo que todos, incluindo políticos, podem aprender.

“Eles vão dizer que as pessoas têm medo do AOC (Alexandria Ocasio Cortez) porque ela é uma mulher que se comporta como um homem e eu não gosto disso”, disse Fetterman. “Não há comportamento de homem ou comportamento de mulher. Há um equilíbrio que é necessário”.

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Fonte: Brazilian Voice