No fim de março, uma operação realizada pela polícia italiana resultou na detenção de 7 brasileiros e na cassação de 300 mineiros que adquiriram passaportes e a cidadania estrangeira através de um esquema irregular. Totalizando, mais de 800 brasileiros perderam a nacionalidade italiana, incluindo juízes, promotores, um jogador do time de futebol da Chapecoense que faleceu no acidente de avião em 2016, e até o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Como resultado, todos eles podem ser processados judicialmente por corrupção ativa, falsidade ideológica e, consequentemente, ter os nomes sujos perante às autoridades italianas.

Na terça-feira, 26 de março, a polícia italiana prendeu 7 brasileiros durante a operação “Super Santos”. Durante mais de 1 ano, as autoridades locais investigaram casos de fraude na solicitação da cidadania italiana concedida a brasileiros. Além disso, a operação também investiga 800 brasileiros, suspeitos de obterem a cidadania italiana de forma fraudulenta e, portanto, correm o risco de tê-la revogada.

“Somente em três dias, eles transformavam aproximadamente 1 mil brasileiros em cidadãos italianos e cobravam 7 mil Euros (US$ 7,864) em dinheiro vivo. As agências de serviços, administradas ilegalmente pelos brasileiros detidos, haviam se transformado em verdadeiras agências de turismo”, detalhou a polícia italiana através de um comunicado.

O Ministro do Interior Matteo Salvini disse que “é necessário respeito e fiscalização. Consentiram com a obtenção de mil cidadanias italianas falsas, numa fraude de mais de 5 milhões de Euros”.

O esquema contava também com a ajuda de um líder religioso. A polícia prendeu um padre da Diocese de Pádua por ter vendido uma certidão de batismo falsa que confirmava a descendência italiana de um indivíduo beneficiado pela fraude.

Estabelecer residência na Itália é um dos requisitos básicos para todos os estrangeiros que possuem descendência italiana (Juris Sanguinis = Lei do sangue), ou seja, descendência direta e que pedem o reconhecimento em solo italiano. Entretanto, tal lei não determina com exatidão o tempo mínimo necessário para que o estrangeiro seja considerado morador de fato. No Brasil, os processos através dos consulados podem ultrapassar facilmente 2 anos de espera. O curitibano “Márcio” detalhou que o consulado no sul do país informou-lhe que o processo dele demoraria 10 anos. Em virtude disso, inúmeros brasileiros preferem apresentar suas petições na Itália; assim acelerando os trâmites.

O esquema foi descoberto através de escutas telefônicas, também no idioma português, vigilância em aeroportos, rodoviárias e buscas nos imóveis que abrigavam os brasileiros. Os investigadores teriam descoberto milhares de petições de cidadania falsas. Para fazer um documento italiano dos brasileiros, equivalente ao nosso cadastro de pessoas físicas (CPF), os “despachantes” chegaram a registrar 1.200 brasileiros numa cidade italiana cuja população é de pouco mais de 3 mil habitantes.

Fonte: Brazilian Voice