© AP – Matias Delacroix

A campanha contra a vacinação anti-Covid acabou em tragédia na Áustria. Uma médica, que vinha recebendo ameaças de grupos “antivax” nas redes sociais se suicidou. O episódio chocou o país, o primeiro a impor a vacinação obrigatória contra o coronavírus.

Lisa-Maria Kellermayr foi encontrada morta em seu consultório do norte da Áustria, no dia 29 de julho. A médica de 36 anos deixou cartas de despedida e a autopsia realizada a pedido de seus familiares confirmou a hipótese do suicídio.

A profissional de saúde era alvo de ameaças após ter criticado um movimento de protesto contra a campanha de vacinação obrigatória lançada pelo governo em 2021. A Áustria foi o primeiro país a impor a administração da vacina em seus moradores.

A médica havia alertado as autoridades das mensagens de intimidação que vinha recebendo e apareceu várias vezes na mídia para alertar sobre sua situação. “Há mais de sete meses estamos recebendo ameaças de morte vindas de pessoas que se opõem às medidas de combate à Covid-19 e à campanha de vacinação”, avisou Lisa-Maria em junho, ao anunciar que tinha decidido parar de receber pacientes temporariamente.

Ela dizia ter sido obrigada a “investir € 100 mil” para garantir a segurança de seu consultório, mas que a situação tinha se tornado insuportável. “Estou perdendo a cabeça”, desabafou.

A polícia chegou a acusar a médica de estar manipulando sua história em busca de notoriedade. Após sua morte, as autoridades afirmaram que tudo foi feito para protegê-la.

Homenagens

A médica recebeu diversas homenagens desde que sua morte foi anunciada. Os sinos de uma das principais catedrais de Viena soaram várias vezes esta semana e o presidente austríaco, Alexander Van der Bellen visitou Seewalchen, a pequena cidade onde ela vivia, e depositou flores em sua memória.

“Temos que acabar com a intimidação e o medo. O ódio e a intolerância não têm lugar na Áustria”, declarou o chefe de Estado logo após o anúncio da morte da profissional da saúde.

No entanto, os comentários criticando a médica continuam circulando na internet, mesmo depois de seu suicídio. Alguns internautas “celebram sua morte, enquanto outros dizem que ela morreu por causa da vacina”, relata Ingrid Brodnig, especialista austríaca de redes sociais. Ela confirma que a Covid polarizou o país, “provocando um fenômeno de agressividade extrema em algumas pessoas“.  

(Com informações da AFP)

Fonte: MSN