BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O Ministério Público de Pernambuco denunciou à Justiça o suspeito de assassinar a menina Beatriz Angélica Mota dentro de uma escola de Petrolina em dezembro de 2015. Marcelo da Silva, 40, responde pela acusação de homicídio triplamente qualificado.

A Promotoria lista como qualificadoras motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima. Também há causa de aumento de pena, pois o crime foi cometido contra uma pessoa menor de 14 anos de idade. Beatriz tinha sete anos à época.

Em nota, Rafael Nunes, advogado do suspeito disse que a defesa só irá se manifestar, por meio de uma entrevista coletiva, após ter acesso ao relatório policial e à peça acusatória do Ministério Público.

O Grupo de Atuação Conjunta Especial da Promotoria também foi favorável ao pedido de prisão preventiva do denunciado. O grupo afirmou entender que a medida é necessária para garantir a ordem pública e prevenir possíveis novos delitos.

Beatriz Mota foi assassinada a facadas, no dia 10 de dezembro de 2015 durante a festa de formatura da irmã, no colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina, onde o pai era professor de inglês.

No dia 12 de janeiro deste ano, a Secretaria de Defesa Social divulgou que o suspeito de matar a menina é Marcelo da Silva. Segundo a investigação, quando foi beber água, a menina teria se assustado com o homem, que desferiu dez facadas no corpo dela.

Silva confessou o crime em depoimento no início do ano, de acordo com a polícia. Quando foi anunciado como investigado no crime, ele já estava preso por suspeita de estupro de vulnerável em outro caso.

O homem vivia em situação de rua, segundo a secretaria, e teria entrado na escola com a faca para pedir dinheiro aos participantes do evento e conseguir voltar à cidade de Trindade, também no Sertão pernambucano, onde vivia com a família.

A pasta disse que conseguiu chegar ao suspeito por meio da comparação do DNA de Silva, preso desde 2017, com o coletado na faca usada no crime. O material genético encontrado na faca foi comparado com o de 125 pessoas consideradas suspeitas.

A revelação do suspeito de assassinar a menina ocorreu um mês depois de os pais percorrerem a pé mais de 700 quilômetros durante 23 dias entre Petrolina e o Recife para pedir avanços nas investigações. Ao final da trajetória, eles foram recebidos pelo governador Paulo Câmara (PSB), que se disse favorável ao pleito dos pais de federalização da investigação, em dezembro.

Nos últimos seis anos, foram sete perícias, 24 volumes no inquérito, 442 depoimentos e 900 horas de imagens analisadas. O caso passou por oito delegados diferentes e, recentemente, ficou sob responsabilidade de uma força-tarefa formada por quatro profissionais.

O inquérito realizado pela Polícia Civil de Pernambuco e analisado pela Promotoria foi finalizado em julho deste ano e continha 27 volumes, com um total de 5.831 páginas.