A GOL conseguiu aprovar hoje a reincorporação da Smiles junto aos acionistas das duas empresas. Com a decisão, o programa de fidelidade voltará a ser controlado pela companhia aérea. Para os clientes não deve haver grandes mudanças. E para a GOL a decisão traz um grande alívio!

Um breve histórico do negócio

A GOL tornou a Smiles uma empresa independente em 2013, abrindo seu capital na bolsa de valores. Isso aconteceu num momento e que haviam movimentos semelhantes no setor.

Mas o tempo passou e a GOL concluiu que o modelo gerava conflitos de interesses e ineficiências tributárias relevantes. Uma companhia aérea separada de seu programa de fidelidade não fazia mais sentido. A Smiles pagava dezenas de milhões de reais em impostos por lucros que poderiam ser compensados pelos sucessivos prejuízos da GOL.

Além disso, o mercado mudou e seguiu no caminho inverso do que tinha sido trilhado pelas empresas. A GOL passou a ser a única companhia aérea com administração independente do seu programa de milhagem. Concorrentes como a Latam, Aeroméxico, Avianca e Air Canada voltaram atrás e retomaram o controle de seus programas. E a Azul desistiu de lançar o TudoAzul na bolsa.

Outros benefícios seriam a melhoria na governança corporativa, o reforço da estrutura de capital e a redução de custos operacionais, administrativos e financeiros.

A Smiles já valeu mais do que a GOL

A Smiles já chegou a valer quase R$ 10 bilhões na bolsa de valores, mais do que a GOL. Mas viu seu valor de mercado derreter depois que a GOL anunciou que não tinha interesse em renovar o contrato com vencimento em 2032. Com a intenção de juntar novamente as empresas, as ações da Smiles não se recuperaram mais e atualmente tem o valor de cerca de R$ 2,8 bilhões, muito menos do que a GOL.

Para convencer os acionistas da Smiles a GOL teve que aumentar em 17% a sua oferta. Os investidores receberão parte em dinheiro e parte em ações da empresa aérea.

O que muda com a reincorporação?

Para a GOL, sem dúvida, é uma excelente notícia. Na semana passada a empresa acertou o recebimento de mais R$ 300 milhões da Smiles em antecipação de compra de passagens aéreas para ganhar mais fôlego em meio à pandemia.

A transação pode levar os minoritários da Smiles a terem no máximo 10% da empresa. O uso de pontos para viagens de avião representa 90% das vendas da empresa. Já o programa de fidelidade é responsável por apenas 12% das vendas da companhia aérea.

Para os clientes, pouco deve mudar. A GOL já detinha 53% das ações da Smiles e as empresas costumavam trabalhar na mesma direção. A curto prazo devem ser feitos apenas ajustes na estrutura da Smiles e da GOL e serem levadas adiante algumas ações que estavam paralisadas, como o estreitamento da parceria com a American Airlines e promoções coordenadas. A médio e longo prazos, a reincorporação vai evitar de uma vez por todas uma disputa contratual entre as empresas, com consequências imprevisíveis.

Fonte: Melhores Destinos