SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Os alvos de uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul nas investigações contra o grupo criminoso que aplicava o “golpe dos nudes” tentaram jogar os celulares pelas janelas das celas onde estavam. A corporação realizou força-tarefa ontem em três presídios do estado, mirando presos por outros crimes que também estão envolvidos na aplicação do golpe.

Os criminosos tentaram se livrar de 30 aparelhos encontrados pela polícia nas celas. Segundo o delegado Rafael Liedtke, responsável pela operação, dois desses celulares foram encontrados desbloqueados e com as telas mostrando fotos e vídeos que eram utilizados para fazer as extorsões das vítimas.

Os mandados foram cumpridos nas unidades penitenciárias de Charqueadas, Porto Alegre e Sapucaia do Sul. Ao todo, os mandados expedidos foram dois de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão contra os maiores executores e líderes dos crimes.

As informações só foram divulgadas hoje, segundo a Polícia Civil, por conta da necessidade de sigilo das investigações. A força-tarefa foi a continuação de outra operação deflagrada na última segunda-feira (29), quando ao menos 33 suspeitos foram presos.

Segundo as operações da polícia, o dinheiro obtido pelos golpes era pulverizado entre laranjas até que voltasse para o grupo criminoso. Os golpistas fingiam ser adolescentes ou mulheres jovens para atrair homens com dinheiro nas redes sociais, com o objetivo era conseguir fotos íntimas das vítimas.

Depois que as fotos eram enviadas, um falso delegado da polícia do Rio Grande do Sul entrava em contato com a vítima. Neste momento, o golpista dizia que a jovem era menor de idade e ameaçava expedir um mandado de prisão e expor o caso.

O falso policial, então, oferecia um “acordo” em dinheiro para evitar a abertura de uma investigação. Em 11 meses, o grupo fez pelo menos 80 vítimas em 12 estados e movimentou cerca de R$ 450 mil.

ESQUEMA USAVA CLÍNICA, VELÓRIO E FAMÍLIAS FALSAS

O grupo criminoso que aplicava o chamado “golpe dos nudes” usava delegacias e até clínicas psiquiátricas falsas nas encenações usadas para extorquir as vítimas, que eram ameaçadas com denúncias por suposta pedofilia.

A encenação deixava as vítimas desesperadas ao ponto de fazerem depósitos -alguns em valores superiores a R$ 50 mil, segundo alguns registros obtidos pela polícia.

Em um dos vídeos na falsa delegacia, uma suposta mãe aparece depondo a um policial, também falso, dizendo que a filha menor de 18 anos teria recebido nudes de um homem. No local, havia inclusive um banner da Polícia Civil. O depoimento dura 23 segundos. Em outra gravação, um suposto pai de uma adolescente filma a entrada de uma “delegacia” e diz que vai “resolver esse negócio”.

Na sequência, um falso delegado de polícia do Rio Grande do Sul entrava em contato com a vítima dizendo que a jovem com quem ele trocava mensagens seria adolescente.