SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A primeira-dama Michelle Bolsonaro cumpriu uma maratona de compromissos em São Paulo nesta quarta-feira (19) que reuniu líderes evangélicos e campeões de votos bolsonaristas, como os senadores eleitos Damares Alves (Republicanos) e Marcos Pontes (PL). Padre Kelmon, candidato à Presidência pelo PTB, também estava presente e foi ovacionado pela plateia.

Michelle foi a última a discursar em uma espécie de culto-comício que teve a participação dos bispos Sônia e Estevam Hernandes, fundadores da igreja Renascer. “Estamos aqui para lutar pelo nosso Brasil para que esse câncer se dissipe e saia da nossa nação”, continuou.

Antes de Michelle, discursaram parlamentares eleitos e Padre Kelmon. Em sua fala, Damares se referiu ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como ex-presidiário e enumerou uma série de episódios em que mulheres e crianças são vítimas de violência sexual. A ex-ministra também disse que milhões de bebês no Brasil estão vivos porque Bolsonaro disse não ao aborto.

“Pedófilos de todo o Brasil, eu, o Tarcísio [de Freitas, candidato em SP] e o Bolsonaro vamos pegar todos vocês”, gritou Damares em direção à plateia e foi ovacionada.

Há menos de uma semana, na sexta (14), Bolsonaro usou a expressão “pintou um clima” para se referir a adolescentes venezuelanas e passou a ser acusado por opositores de pedófilo.
Ao se referir ao segundo turno, Damares confundiu a data, cravou no dia 22 deste mês, e definiu como decisão sobre “vida ou morte”.

Damares ainda cometeu uma fake news ao dizer que os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso votaram a favor da legalização da maconha. No entanto, a ação citada por ela discute a constitucionalidade da criminalização do porte de drogas para consumo próprio.

Barroso limitou seu voto à descriminalização do réu na ação, mas propôs que o porte de até 25 gramas de maconha.

Por fim, Damares pediu oração para Michelle e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo a ex-ministra, ambos foram vítimas de tentativa de atentados na campanha eleitoral, respectivamente, no Ceará e em São Paulo.

No Ceará, um homem de 22 anos foi preso após atirar contra uma igreja momentos antes do início do culto com a presença da primeira-dama. Em São Paulo, um tiroteio interrompeu a agenda de Tarcísio em Paraisópolis.

Questionado sobre os episódios terem sido utilizados por bolsonaristas na campanha, Tarcísio não quis responder. “A questão de Paraisópolis eu já expliquei e agora é objeto de inquérito, não vou mais falar desse assunto.”

Kelmon comparou Michelle à imperatriz Leopoldina, personagem importante na Independência do Brasil. “Como primeira-dama, ela está do lado do presidente para unir o povo, orientar o presidente, disse o candidato, que foi saudado pelos fieis.

A bispa Sônia Hernandes, da igreja Renascer em Cristo, abriu o evento com uma oração e, na sequência, todos ficaram de pé para o Hino Nacional.

“Deus é maior nessa guerra, a nossa bandeira não será vermelha”, disse a líder religiosa, que apontou para Michelle e concluiu. “Jair Messias Bolsonaro e Michelle Bolsonaro são a provisão divina”.

As palavras ecoavam entre os fiéis. O público, composto em grande parte por mulheres, se comportava como se estivesse em um culto, exaltando a Deus e, ao mesmo tempo, Bolsonaro.

Em seus discursos, pastores e políticos comparavam a disputa eleitoral pela Presidência da República com passagens bíblicas.

Tarcísio de Freitas disse que a esquerda se apega a estética, mas que Davi, descrito na Bíblia como de pouca formosura, foi um dos reis mais prestigiados. “Davi errou? Ah, errou. Mas foi um rei segundo o coração de Deus”.

O candidato ao Governo de São Paulo ainda comparou Luiz Inácio Lula da Silva à parábola do mordomo infiel. E recorreu a outra passagem para pedir que os fiéis peçam votos para Bolsonaro.

Jefferson Campos (PL), deputado federal, disse para o público que “só canta o hino da vitória quem atravessar o Mar Vermelho”.

O deputado e pastor Marcos Pereira (Republicanos) pediu que os presentes no evento busquem votos para Bolsonaro e que, para isso, deveriam conversar com os familiares, amigos e os “irmãos de igreja que ainda tem dúvida”.

“Estamos do lado do comunismo ou do liberalismo? Do aborto ou da vida? Estamos do lado de quem defende as drogas ou quer salvar os viciados?”, indagou o deputado, que depois colocou em dúvida os resultados das pesquisas de intenções de votos.