(FOLHAPRESS) – O ex-candidato ao governo de Santa Catarina Décio Lima (PT) é o favorito do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o cargo de diretor-presidente do Sebrae Nacional. Ele deve ser acompanhado por Luiz Barretto, que foi ministro do Turismo de 2008 a 2010, como diretor técnico.

Lima exerceu três mandatos consecutivos de deputado federal por Santa Catarina e, em 2022, chegou ao segundo turno das eleições para o governo do estado contra Jorginho Mello (PL), que foi eleito. Ainda assim, a performance do petista foi bem avaliada pela sigla, dada a força do antipetismo e do bolsonarismo na região.

Além dos dois, é estudada a continuidade da ex-deputada Margarete Coelho (PP), aliada de Ciro Nogueira e Arthur Lira, caciques do PP, como diretora de administração, cargo que assumiu em 2022, em tentativa da atual diretoria de conseguir mais força política para não ser derrubada pelo novo governo.

Como revelou o Painel, do jornal Folha de S.Paulo, o governo tem articulado pela destituição do Carlos Melles, atual diretor-presidente do Sebrae, e Bruno Quick, diretor técnico, que têm sido classificados como bolsonaristas. A tentativa de retirá-los do Sebrae se arrasta desde as eleições.

Por meio de costura recente, o governo conseguiu convocar uma reunião do conselho deliberativo nacional para quarta-feira (8), com o objetivo de destituir a atual diretoria. Para isso, eles precisam dos votos de 11 dos 15 conselheiros, com os quais tem conversado nos últimos meses.

O principal articulador pelo governo tem sido Paulo Okamotto, que foi presidente do Sebrae entre 2003 e 2010 e é amigo próximo de Lula.

“O Sebrae precisa muito de trânsito com o governo, que quer conversar para ajudar os pequenos negócios, para acabar com dificuldades de acesso a inovação e informação. É um absurdo que dirigentes de uma instituição que tem que ensinar boas práticas para os empresários tenham uma política antigovernança, contra um ambiente saudável de negócios. Os dois diretores [Melles e Quick] têm que se tocar que precisam pegar o boné e se mandar”, diz Okamotto, que defende que a diretoria seja formada por quadros alinhados ao projeto de país do atual governo.

Segundo ele, Lima hoje é o favorito do governo federal também por ter ligação forte com a causa dos empresários de pequeno porte. “Santa Catarina é um exemplo de pequenos negócios na agricultura, no comércio e na indústria. Com ele lá, queremos fazer mais e melhor”, afirma.

Sobre Margarete Coelho, ele diz que ela é muito qualificada para a função e tem muitos apoiadores, inclusive no PT e outros partidos. Ela foi vice-governadora do Piauí entre 2015 e 2019, durante o governo de Wellington Dias (PT), que atualmente é ministro do Desenvolvimento Social. Além disso, diz Okamotto, ela é uma indicação forte do setor produtivo ligado à agricultura e o governo Lula respeita composições.

O Sebrae é visto pelo governo Lula como peça importante na sua interlocução com o empresariado. O petista enfatizou durante a eleição a sua atenção ao setor, apontando que as leis que criaram o MEI (microempreendedor individual) e o Simples Nacional foram editadas em seu governo.

Tradicionalmente, o Sebrae também é cobiçado pelos altos salários aos diretores (acima de R$ 50 mil), pela quantidade de cargos a distribuir e pelo caixa reforçado (mais de R$ 5 bilhões em aplicações financeiras).