FOLHAPRESS) – Um dos ministros de Jair Bolsonaro (PL) que receberam relógios de luxo do governo do Qatar durante viagem em outubro de 2021, Gilson Machado Neto, que comandava a pasta do Turismo, reafirma à Folha de S.Paulo a decisão da Comissão de Ética da Presidência de 2022 de que eles não precisariam devolver os itens, em indicativo de que pretende continuar com o item em sua posse.

Na última quarta-feira (1º), o Tribunal de Contas da União notificou a Comissão de Ética, disse que o recebimento de presentes caros extrapola “princípios da razoabilidade e da moralidade” pública e sugeriu a devolução dos objetos.

Procurado pela coluna para comentar a recomendação do TCU, Machado encaminhou mensagem que diz que a comissão de ética decidiu que ele não precisa devolver o objeto.

Osmar Terra e Ernesto Araújo, que então eram ministros da Cidadania e das Relações Internacionais, não responderam se pretendem devolver os relógios que ganharam.

Ex-secretário do Ministério da Economia, Caio Megale escreveu na segunda-feira (6) uma carta ao Ministério da Fazenda pedindo informações dos procedimentos que deverá adotar para abrir mão do objeto.

O tema dos presentes de alto valor a autoridades brasileiras entrou em evidência com a revelação em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de que em outubro de 2021 um militar que assessorava o então ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) tentou desembarcar no Brasil com uma série de artigos de luxo na mochila, que supostamente seriam presentes do governo da Arábia Saudita a Jair Bolsonaro e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Como os bens não haviam sido declarados, eles foram apreendidos pela Receita Federal, cuja equipe de auditores avaliou os itens em 3 milhões de euros (cerca de R$ 16,5 milhões).