(FOLHAPRESS) – O comandante do Exército, Tomás Paiva, disse nesta quarta-feira (17) que o Exército não comenta decisão da Justiça, mas cumpre, e que a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), foi feita dentro da lei.

“Hoje, o que está sendo feito está sendo feito dentro da lei e o Exército brasileiro não comenta decisão da Justiça, a gente cumpre decisão da Justiça”, disse o general, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.

Cid está preso desde o último dia 3 no âmbito da investigação sobre fraudes em carteiras de vacinação no sistema do Ministério da Saúde. A apuração aponta o militar como arquiteto de esquema que adulterou dados públicos de vacinação de suas filhas, de auxiliares e do próprio ex-presidente.

Durante a audiência, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou a detenção e disse que não teria sido feita pela polícia militar, como disse que estava previsto. O comandante, contudo, rebateu.

“Primeiro, não é o que está previsto. O que diz o Estatuto dos Militares é que um oficial ou militar da ativa não pode ser preso por autoridade policial a não ser que seja em flagrante. Não foi o caso. (…) Estava acompanhado de um oficial do Exército de Batalhão de Polícia do Exército, foi custodiado, está cumprindo, como previsto na lei a sua medida cautelar dentro do estabelecimento militar”, afirmou.

Cid está preso no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília, por ser militar da ativa.

Também participaram do colegiado os comandantes das três forças: general Tomás Paiva, do Exército; almirante Marcos Sampaio Olsen, da Marinha; e tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, da Aeronáutica.

Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal na terça (16), em que não pediu inserção de dados em sua carteira de vacinação, nem de sua filha Laura.

Ex-presidente disse ainda não ter conhecimento de participação de Mauro Cid no esquema, elogiou o militar e afirmou que, se ele fraudou os cartões, foi à sua revelia.

Durante a audiência, Tomás Paiva também foi confrontado com reportagem da Folha de S.Paulo que mostrou que ele recebeu R$ 770 mil em fevereiro e março a título de ajuda de custos e indenizações pecuniárias.

Os pagamentos abarcam benefícios típicos da carreira militar e direitos trabalhistas adquiridos ao longo de 42 anos de serviço.

“Tenho nenhuma vergonha, não pedi nada, é o que está previsto na lei. São direitos, está previsto na lei, nos regulamentos. Estão previstos para todos os militares da reserva”, disse o general.

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