Na eclosão do movimento dos transportadores, o governo tratou a política de preços da Petrobras como se fosse uma novidade ainda desconhecida no Planalto e adjacências. Nos últimos meses, os preços subiram sem cessar, e Temer e seu círculo ocuparam-se só de conveniências para salvá-lo do Código Penal, inclusive com a ridícula candidatura à Presidência. Dela, aliás, não houve desistência em favor de Henrique Meirelles. Houve, sim, a constatação do risco de ter o registro negado, agravando a situação de Temer. E, claro, a rejeição dos companheiros no MDB.
A por sua vez, ignorou duas especificidades no caso. Uma economia anêmica não resiste a aumentos altos e quase diários de um produto básico como combustível. Tanto mais que dois terços do transporte de cargas no Brasil são rodoviários. Logo, também a Petrobras precisa de processos de correção menos danosos e mais condizentes com a realidade por si mesma desastrosa.
Além disso, o que caracteriza a Petrobras como estatal é ser a União, o Estado, o seu acionista majoritário. Com isso, a empresa tem obrigações que não se limitam à geração de lucro para os acionistas, mas incluem a observância do interesse do Estado.

Fonte: Folha de S.Paulo