O sonho milionário da Mega da Virada se tornou um pesadelo para um grupo de apostadores de São José da Bela Vista, no interior de São Paulo. A cidade foi uma das cinco que registraram apostas que acertaram a sena, cujo prêmio foi de R$ 108,3 milhões cada. Segundo um dos participantes, o jogo fazia parte de um bolão de 44 pessoas, organizado por um homem que abordou os apostadores pelo WhatsApp e recolheu R$ 30 de cada um para a aposta. No entanto, apenas nove apostadores receberam cerca de R$ 12 milhões cada.

Ao saber que não receberia o prêmio, um dos participantes do bolão, que prefere não se identificar, registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil de São José da Bela Vista. Segundo ele, a justificativa do organizador do bolão é de que o dinheiro recolhido dos apostadores foi utilizado para fazer duas apostas diferentes e somente uma delas, com nove cotas, ou seja, nove participantes, foi a vencedora. No entanto, ninguém teria sido avisado de que se tratava de duas apostas diferentes. O valor de contribuição teria sido o mesmo para todos.

“Me senti lesado e decepcionado, pois contribui com meu dinheiro para participar do bolão vencedor. Estou ficando doente com essa situação”, disse o apostador ao Estadão. Segundo ele, os participantes têm áudios e comprovantes dos pagamentos, mas não receberam comprovante da aposta feita, pois confiaram na boa-fé do organizador.

Para o advogado Mario Bassi, que representa dez apostadores, é evidente que o organizador do bolão agiu de má-fé. “Ele fala ‘vamos participar do bolão com a gente, você faz o pagamento de um valor e vai estar automaticamente participando’. Dessa forma, individualmente, ele fazia a conexão com essas pessoas e ia arrecadando os valores para fazer o bolão”, diz.

“Assim que saíram os números sorteados e foi divulgado que havia um vencedor em São José da Bela Vista, os apostadores descobriram que o vencedor era o organizador do bolão e foram atrás dele para saber do recebimento do prêmio, já que ele tinha o comprovante da aposta. No primeiro momento, ele disse que acertaria o prêmio entre todos. Depois, começou a se esquivar e parou de responder”, complementa.

Bassi reúne documentos para a ação judicial. A expectativa é de que a Justiça bloqueie os prêmios das apostas até que o caso seja julgado, diz o advogado. A reportagem procurou a defesa do organizador do bolão, mas não conseguiu contato.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.