GUILHERME SETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Levantamento da Polícia Militar de São Paulo sobre o uso de câmeras nas fardas de integrantes da corporação contradiz a posição do pré-candidato a governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de que elas representam perigo para a segurança dos agentes.

Segundo os dados, o uso de câmeras pelos policiais aumenta a proteção da tropa. Nos últimos três anos (2019-2021), entre os meses de junho e outubro, as ocorrências de resistência às abordagens policiais caíram 32,7% nos batalhões que usam a tecnologia. Nas unidades que não a utilizam, a queda foi de 19,2%.

Como mostrou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, o ex-ministro da Infraestrutura, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), diz que pretende acabar com as câmeras. Tarcísio argumenta que elas limitam a ação dos policiais e podem ser até uma ameaça para eles.

A acoplagem de câmeras nas fardas é uma das principais ações do atual governo na área da segurança e deverá ser defendida pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB) em sua campanha à reeleição.

A ação é defendida por diversas entidades de direitos humanos por ter derrubado os índices de letalidade policial, mas a PM agora diz que a segurança da tropa também é um argumento para manter a política.
Além disso, o levantamento da PM-SP mostra redução no número de confrontos. Nos batalhões que utilizam a tecnologia, a queda foi de 87%, resultado dez vezes mais expressivo do que o apurado nas unidades sem câmeras.

A polícia também vê efeito na produtividade da tropa. Os números de flagrantes e de apreensões de armas de fogo foram 41,4% e 12,9% maiores, respectivamente, entre os batalhões equipados com câmeras.
Atualmente há 5.600 câmeras em funcionamento no estado, e o governo prevê ultrapassar a marca de 10 mil em 2022. Acoplado à farda, o equipamento é utilizado para registrar intervenções dos agentes em vídeo e áudio.

Nos dois primeiros meses de ampliação do uso das câmeras, em 2 as mortes por intervenção policial apresentaram forte redução no estado. Em junho, esse índice caiu para 22, o menor registro desde maio de 2013.