(UOL/FOLHAPRESS) – Nesta semana, o grupo dono do Facebook, Instagram e WhatsApp realizou o Meta Connect 2022, evento de anúncio de produtos e novidades em tecnologias imersivas. Como já esperado, o assunto que dominou a conversa foi o metaverso -obsessão do presidente-executivo, Mark Zuckerberg.

Em uma transmissão ao vivo pelo Facebook, a Meta apresentou mudanças para o Horizon Worlds, o espaço virtual em desenvolvimento, e parcerias com grandes nomes da tecnologia para transformar treinos, jogos e até mesmo trabalho em uma experiência digital mais perto do real no mundo físico e coletiva.

Junto a isso, o grupo anunciou o Oculus Quest Pro, a última versão do óculos de Realidade Virtual (RV) da empresa. Consideravelmente mais avançado que os anteriores, o novo dispositivo promete captar melhor as expressões dos usuários e trabalhar com Realidade Mista – manipular objetos virtuais com gestos físicos.

É bom lembrar: tal qual na edição anterior, o Meta Connect 2022 abriu com um grande asterisco: parte dos produtos está em estado de testes e podem chegar com mudanças ao público – ou ainda, nem chegar.

METAVERSO EM TODO LUGAR

A primeira grande promessa do Meta Connect foi de vencer a barreira de acessibilidade do metaverso. A Meta está estudando formas de levar o acesso ao mundo virtual pelo celular e navegador.

A empresa insistiu na tecla de que a realidade virtual consegue aproximar mais as pessoas por contar com linguagem corporal e expressões faciais, e que parte desses recursos estariam limitados no acesso por esses dispositivos. Ainda assim, com isso a empresa acredita que mais usuários se juntarão ao espaço virtual.

E para que essa imersão seja bem diferente de uma chamada do Zoom em 3D, a Meta anunciou parcerias com empresas de outros setores, como o canal NSBC, que quer criar espaços digitais para séries, como “The Office” e conteúdos da Dreamworks.

No evento, não foi revelado como esses “metaversos temáticos” funcionariam.

Por outro lado, revelou que o Horizon Worlds deve ser integrado com todas as outras contas do usuário, bem como a outros serviços, como o app de videochamadas Zoom, ou ainda, a suíte de escritório virtual da Microsoft, o Teams. Ambos os programas terão integração com o Facebook, para que avatares em 3D da pessoa apareçam no lugar.

Aliás, a Meta aposta que isso se torne tão normal que, no futuro, selfies tiradas no metaverso estarão nas suas contas do Instagram. Em ambos os casos, a empresa informou que as integrações estão em estágios preliminares, e não há previsão de chegada da novidade.

O diretor de tecnologia da Meta, Andrew Bosworth, afirmou que os jogos serão outra grande promessa do Metaverso, que, só no ano passado, gerou US$ 33 bilhões em lucro para os desenvolvedores de games da plataforma.

A empresa apresentou versões imersivas de títulos já conhecidos, como o shooter SuperHot e o clássico de sobrevivência, Resident Evil 4. Além disso, uma parceria com a Sony e Marvel rendeu exclusivos, como Iron Man e Walking Dead: Saints and Sinners.

E aos fãs de Xbox, uma boa notícia: a Microsoft fechou uma parceria para que jogos do Cloud Gaming possam rodar diretamente pelo óculos RV.

OCULUS QUAEST PRO

O maior destaque do evento foi o novo dispositivo de realidade da Meta, o Oculus Quest Pro.

Anteriormente conhecido por “Projeto Cambria”, o óculos é um dos maiores investimentos do Reality Labs, a unidade da empresa responsável por dar vida ao metaverso. Segundo a Reuters, o grupo acumulou prejuízo de 10,2 bilhões de dólares em 2021 e de quase 6 bilhões até agora este ano.

Mas a expectativa do Facebook é recuperar a fé dos usuários em seu novo projeto. O Quest Pro conta com câmeras voltadas para o rosto do usuário, e é capaz de ler e detectar expressões faciais para reproduzi-las em tempo real no mundo digital.

Além de mais imersividade e um novo design mais leve, o Quest Pro também é o primeiro dispositivo do Reality Labs a implementar Realidade Mista (RM), que é quando o mundo digital consegue se sobrepor ao real.

Essas funções, em conjunto com outros aplicativos, permitirão que designers, arquitetos e outros profissionais visuais consigam criar projetos virtuais com as próprias mãos, desenhando e manipulando com o conjunto de controles.

“A principal razão pela qual estamos neste espaço é que achamos que a realidade virtual pode ser muito poderosa para conexão social e, com o Quest Pro, queremos trazer mais dessa tecnologia também para o contexto de trabalho, onde a Microsoft já tem alguns produtos incrivelmente bem-sucedidos no mercado”, disse Zuckerberg durante o evento.
Os óculos de realidade virtual e mista já estão disponíveis para pré-venda em países que já contam com o Oculus Quest 2, por US$ 1.499,00 – e estará disponível a partir de 25 de outubro.

AVATARES MELHORADOS E COM PERNAS

O que sempre foi alvo de críticas e piadas na internet recebeu um bom tapa no visual: a aparência dos avatares no Horizon Worlds.

Além de anunciar mais opções de corpos e de itens do cotidiano de pessoas com deficiência, como aparelhos auriculares e cadeiras de rodas, o aspecto visual do metaverso foi repaginado. Os avatares possuem mais detalhes e mais expressões faciais, lembrando bastante a versão em resposta às críticas.

Outra novidade foi a inclusão de um elemento cuja ausência contribuía para a estranheza do Metaverso: as pernas. Sem uma forma de escanear e registrar os movimentos da parte inferior do corpo, os avatares do Horizon Worlds ficavam “flutuando” no cenário.

Agora, a empresa diz ter implementado inteligência artificial para gerar automaticamente a posição das pernas, com base na postura superior do corpo. Tanto o visual quanto a parte inferior dos avatares deve chegar em 2023.

AVATARES REALISTAS

E, talvez, para sepultar de vez a ideia de visual rudimentar, a Meta apresentou os avanços que teve em detecção de faces pelos Codecs, a tecnologia de criação de avatares fotorrealistas -algo já apresentado na edição anterior do evento.

O principal avanço, além da qualidade da imagem, é a garantia de que o avatar poderá ser gerado não só por óculos de realidade virtual, mas também por um celular, bastando escanear o rosto em expressão neutra por alguns minutos.
Embora bem avançado, esta versão ainda está em fase de testes e não recebeu prazo para chegar aos usuários.