Em sua última Copa do Mundo feminina, Marta vive seus últimos momentos com a camisa da seleção brasileira e de sua carreira. Na Nova Zelândia e Austrália, a camisa 10 disputa seu sexto e último Mundial e vai em busca da primeira conquista do Brasil na competição. Nesta semana, uma carta da meia foi publicada no portal The Players Tribune, no qual a jogadora reflete sobre sua origem em Alagoas e o apoio que recebeu de sua mãe, Tereza, ao longo da vida.

“Tudo o que eu faço, tudo o que realizo, qualquer conquista que alcanço na vida, tudo remete à minha mãe. Lá no sertão de Alagoas, onde eu cresci, todas as manhãs eu acordava cedo e radiante para jogar futebol. Era tudo o que eu queria fazer. Eu me trocava bem ligeira e já saía logo pra rua, que foi onde eu comecei a jogar. De repente, olhava em volta e… via um mar de meninos. Todo dia”, contou.

Marta iniciou sua carreira nas equipes juvenis do CSA, em Maceió; no profissional, se juntou ao elenco do Vasco, no início dos anos 2000. Em sua carta, a jogadora conta que lidou com as dificuldades de ser a única mulher em um ambiente tão masculino como o futebol. “Nenhuma outra garota da minha cidade teve essa audácia. Elas jamais se atreveram naquele espaço. Provavelmente não queriam ser xingadas ou as últimas a serem escolhidas. Mas eu? O que posso dizer: eu amava demais o futebol e não estava disposta a desistir. Então, eu ia jogar de qualquer jeito. Eu não me importava se as pessoas me olhariam de cara feia.”

A carta, em tom de despedida, também trata do apoio que recebera de sua mãe ao longo dos anos. “Minha mãe me permitiu fazer o que eu amava. Não importa o que os outros dissessem. Ela é o motivo de eu ser quem eu sou. E ao entrar em campo em mais uma Copa do Mundo, eu estarei pensando nela”, afirmou. “Para vocês terem uma ideia: minha mãe é muito religiosa. Ela é católica e tem muita fé. Pra ela era tipo… ‘Se o destino da Marta é jogar futebol, Deus vai mostrar o caminho. Deixa ela.’”

Aos 37 anos, Marta disputa sua única Copa como reserva da seleção brasileira. Na estreia do Brasil, na goleada de 4 a 0 sobre o Panamá, a meia entrou no segundo tempo e jogou pouco mais de 15 minutos. Para ela, o Mundial representa muito mais do que o título de “última Copa da Marta”. “Esta é a minha sexta Copa. E é realmente incrível quando paro pra pensar em quão longe nós chegamos”, relata. “Nós chegamos tão longe. E estou muito animada pra ver o que ainda vem pela frente.”

“Falando em futuro… Posso ser sincera de novo? Estou tão cansada de falar sobre isso! Não quero mais que me perguntem sobre a Marta. Esta Copa não é sobre mim. Não é só a Marta. Nunca foi só a Marta. E nunca será só a Marta. É sobre todas nós. É sobre o BRASIL. Assim como deve ser”, completou a atleta. O Brasil volta a campo, em busca do primeiro título mundial, neste sábado, às 7h (horário de Brasília).