Apesar de diferenças importantes, pré-candidatos democratas convergem em relação a imigrantes sem documentos e redução da emissão de carbono

A polarização entre os pré-candidatos democratas Bernie Sanders e Joe Biden, consolidada com o surpreendente resultado da Superterça — quando Biden teve um desempenho muito além do esperado — pôs em evidências as diferentes plataformas defendidas pelos dois.

Há divergências cruciais em questões como saúde e educação, mas os dois também convergem em questões importantes em relação a imigrantes sem documentos e à redução da emissão de carbono, dentre outros pontos. Para muitos analistas, o centrista Biden tornou seu programa mais progressista sob pressão da ala esquerda do partido, representada por Sanders e Elizabeth Warren. Conheça alguma das propostas de cada candidato em áreas como saúde, educação e imigração.

Saúde:
Sanders: O “Saúde para Todos”, a proposta de criar um sistema público e universal de saúde, é uma das marcas da campanha de Sanders e tem o apoio da maioria dos eleitores mesmo em estados em que Biden venceu, como a Virgínia, segundo pesquisas. A proposta é de substituir completamente o sistema de convênios médicos privados existente para a maioria da população dos EUA — onde só há programas públicos para idosos e muito pobres — por um sistema de público de saúde gerido pelo governo, que pagaria diretamente a maioria das despesas médicas.

A medida, que teria um custo inicialmente estimado em US$ 34 trilhões em dez anos, teve cifras reduzidas para US$ 20,5 trilhões no período.
Biden: A proposta de Biden, ex-vice de Barack Obama, é de aumentar os subsídios ao Obamacare, plano de assistência médica aprovado há 10 anos por Obama, para tornar as apólices de seguro privadas mais acessíveis a pessoas de baixa renda.

Biden também criaria uma nova opção pública, semelhante ao “Saúde para Todos”. Diferentemente da proposta de Sanders, o plano de Biden daria aos americanos a opção de permanecer com seus planos privados. O projeto tem custo estimado de US$ 750 bilhões.

Educação:
Sanders: O candidato promete garantir acesso gratuito ao ensino superior público, além da eliminação de US$ 1,6 trilhão em dívidas de empréstimos estudantis, na graduação e pós-graduação, para cerca de 45 milhões de pessoas. Ele ainda quer limitar as taxas de juros de empréstimos estudantis em 1,88%.

Outra proposta é a ampliação das vagas em creches e na educação infantil e o investimento de US$ 1,3 bilhão por ano em faculdades e universidades privadas historicamente negras e sem fins lucrativos, e em instituições que atendem minorias.

Biden:O ex-vice de Obama propôs um plano educacional para aumentar o financiamento para escolas em áreas de baixa renda, e aumentar salários e benefícios de professores, ajudando-os a pagar seus empréstimos estudantis. Além disso, seu projeto quer dobrar o número de profissionais de saúde, entre orientadores, enfermeiros e assistentes sociais, que trabalham nas escolas. Outro elemento central envolve triplicar o financiamento federal para escolas que atendem áreas de baixa renda.

Impostos:
Sanders: O senador quer criar um imposto anual sobre grandes fortunas e reformar o sistema financeiro, com o desmembramento dos maiores bancos. Além disso, Sanders quer a reintrodução da Lei Glass Steagall — em vigor até fins década de 1990 —, que separava bancos comerciais e de investimento, e o tabelamento dos juros cobrados em cartões de crédito e das taxas bancárias.

Por último, promete uma auditoria no Banco Central e a criação de uma taxa sobre transações financeiras.

Biden: Ele promete arrecadar até US$ 1 trilhão graças ao aumento de impostos das empresas, para financiar seus projetos nas áreas de saúde, clima, infraestrutura e educação. Com isso, as alíquotas corporativas seriam elevadas de 21% para 28%. Uma segunda medida seria dobrar o imposto mínimo sobre a receita de multinacionais americanas no exterior.

Imigração:
Sanders: O senador propôs reformar completamente o sistema de imigração, incluindo a reestruturação completa da Agência de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês). Ele também defende a ampliação do programa Ação Diferida para Chegados na Infância (Daca), implantado no governo Obama e derrubado por Trump, que protegia da deportação imigrantes trazidos aos EUA quando crianças, os “dreamers”.

Biden: O candidato também apoia a concessão de cidadania para os Dreamers, imigrantes trazidos para os Estados Unidos quando eram crianças. No primeiro debate presidencial democrata, em junho, Biden disse que imigrantes sem documentos e sem antecedentes criminais não deveriam ser o foco da deportação.

Fonte: Brazilian Times