Cinquenta imigrantes que ajudam na recuperação de cidade em Michigan após inundações pegaram coronavírus

Quando Marali Rubio chegou a Michigan, na última semana de maio, a imigrante venezuelana estava ansiosa para ajudar a região de Midland a se recuperar de suas enchentes, limpando edifícios. Mas a mulher de 50 anos e idade, que mora na Flórida, e outros imigrantes disseram que ficaram preocupadas quando chegaram.

Isso porque não receberam equipamentos de segurança adequado para se protegerem do novo coronavírus, nem orientações sobre como as regras de distanciamento social. Todos os 50 imigrantes ficaram amontoadas em quartos de hotel, dois para cada cama.

Rubio foi um dos cerca de 200 trabalhadores imigrantes legais que chegaram do Texas e da Flórida para trabalhar no MidMichigan Medical Center, em Midland. O local havia contratado uma empresa para trazer a limpeza de seus edifícios, incluindo um necrotério com corpos e partes do corpo. “Não havia distanciamento social, em nenhum momento”, disse ela. “A temperatura nunca medida. Alguns deles tinham máscaras, alguns não tinham. Alguns tinham luvas, outros não. O trabalho basicamente era demolir e limpar o porão do hospital”.

Os trabalhadores temem que “o necrotério tenha sido infectado por pessoas que estavam com COVID”, disse Rubio, que agora se recupera depois de testar positivo para o coronavírus. Ela lembra de ter visto cestas com órgãos de pessoas dentro do local.

Dois trabalhadores entrevistados pela Free Press disseram que as condições que enfrentaram foram as piores do que em outros estados onde trabalharam. Para agravar o problema, tinha a falta de falantes de espanhol no departamento de saúde e no hospital. Eles também disseram que as autoridades relataram incorretamente que suas infecções por COVID-19 vieram de fora do estado.

“Eles não estavam cuidando de nós”, disse Rubio. Após uma semana de trabalho, cerca de 50 trabalhadores desenvolveram sintomas do coronavírus, com dezenas deles apresentando resultados positivos, de acordo com Saket Soni, fundador e diretor executivo da Resilience Force, um grupo que defende trabalhadores que ajudam áreas atingidas por doenças naturais e desastres.

“Essas são condições subumanas e ninguém as merece”, disse Soni. “elas também são condições perigosas. Esses trabalhadores não receberam máscaras N95. Suas temperaturas não foram verificadas diariamente como deveria. Eles estavam lotados em hotéis, apesar das orientações do CDC dizerem que não deveriam. Eles foram tratados como descartáveis. As condições eram deploráveis”.

“As condições que eles enfrentam fazem parte de uma tendência mais ampla de trabalhadores imigrantes que são explorados quando ajudam áreas afetadas por desastres naturais, continuou. O sistema de uso de subcontratados permite que o abuso cresça, e na grande maioria das vezes, os contratantes se absolvem de qualquer culpa, atribuindo a causa ao subcontratado.

O hospital Midland, parte do sistema de saúde da Universidade de Michigan, havia contratado a Servpro, uma empresa do Tennessee que faz limpezas e restaurações.

Uma franquia da Servpro, com sede em Michigan, trabalhou com o hospital. Ela, então, subcontratou a BTN Services de Houston.

Os trabalhadores também limparam prédios em outros locais, incluindo a Northwood University, em Midland.

Uma porta-voz do Sistema de Saúde da Universidade de Michigan encaminhou as consultas ao hospital de Midland. Funcionários do MidMichigan Medical Center não comentaram o caso.

Em comunicado à Free Press, a Servpro afirmou ter um forte histórico de segurança. “A saúde e a segurança dos trabalhadores no local de trabalho, sejam funcionários da franquia Servpro ou subcontratados, são sempre a prioridade número 1”, disse Kim Brooks, porta-voz da empresa. “As franquias também devem seguir as diretrizes do CDC e da OSHA, incluindo o uso de EPI recomendado, quando apropriado. Elas foram avisadas de que, se algum colega de equipe começar a apresentar algum sintoma, ele deverá ser enviado para casa imediatamente e afastado dos seus serviços para cuidar da saúde”.

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Fonte: Redação – Brazilian Times.