SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Vaticano anunciou que o papa Francisco, internado em razão de uma infecção respiratória, retomou algumas de suas tarefas na manhã desta quinta-feira (30). Ele passou a noite no hospital Gemelli, em Roma.

“Sua Santidade descansou bem durante a noite. O quadro clínico melhora progressivamente e os tratamentos previstos continuam. Esta manhã, depois do café da manhã, leu alguns jornais e voltou ao trabalho”, diz nota da instituição.

O comunicado acrescenta que Francisco também rezou em uma capela dentro do hospital -uma indicação sutil de que ele não está confinado à cama.

O texto não esclarece quando o argentino deixará o hospital.

Na véspera, o Vaticano havia afirmado que ele deve seguir internado por alguns dias.

O líder da Igreja Católica, que completou dez anos no posto este mês, conduziu sua audiência semanal no Vaticano normalmente na quarta-feira, e parecia bem. Antes de sua internação, seu porta-voz, Matteo Bruni, havia comunicado que ele daria entrada no Gemelli para exames de rotina.

Depois, porém, o representante revelou que o pontífice vinha se queixando de dificuldade para respirar nos últimos dias.

Francisco está no geral mais exposto a doenças respiratórias por ter retirado parte de um dos pulmões quando tinha 20 e poucos anos.

Ele também sofre de diverticulite, uma doença que pode infectar ou inflamar o cólon, sofre de dor ciática crônica, e há dois anos foi operado no mesmo hospital onde está internado agora para remover parte do intestino. Meses atrás, o pontífice disse que a condição havia retornado e estava gerando ganho de peso, mas que isso não era fonte de grande preocupação.

O papa ainda tem uma osteoartrite que afeta um ligamento do joelho direito, e alterna entre o uso de uma bengala e de cadeira de rodas em suas aparições públicas.

Sua hospitalização na quarta-feira ressuscitou especulações sobre uma possível renúncia por razões de saúde após o precedente histórico estabelecido por seu antecessor, Bento 16, papa emérito por quase uma década e morto no final do ano passado aos 95 anos.

Em dezembro, Francisco revelou à imprensa que assinou ainda no início de seu papado uma carta de renúncia na eventualidade de que seus problemas de saúde o impedissem de desempenhar suas funções. Aos 86 anos, ele reiterou em várias ocasiões que não descarta deixar o cargo caso seus problemas nesse âmbito se agravem -embora tenha declarado em viagem recente à República Democrática do Congo que renúncias do tipo não deveriam “virar moda”.

A agência de notícias italiana Ansa reportou nesta quarta que a equipe de enfermagem do Gemelli estava “muito otimista” com a possibilidade de que o papa receba alta a tempo da Semana Santa. Mas mesmo que isso aconteça, é provável que ele ainda não tenha forças para participar, quanto mais celebrar, a intensa sequência de missas relacionadas ao feriado.

Em 2022, o papa se absteve pela primeira vez de presidir algumas das celebrações de Páscoa na Basílica de São Pedro em decorrência de uma dor no joelho. Delegou a tarefa a um arcebispo ou cardeal enquanto permanecia sentado durante as missas. Ele também lia a homilia sentado.

A Ansa ainda noticiou que médicos que atendem o papa excluíram problemas cardíacos e pneumonia de suas suspeitas por ora. O Vaticano também havia declarado na véspera que o argentino não tem Covid-19.