SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de mortes provocadas pelo ciclone Gabrielle na Nova Zelândia subiu a 11 neste domingo (19), uma semana depois de a tempestade atingir o país. Um dos óbitos foi de uma menina de dois anos arrastada pelas águas.

Segundo o primeiro-ministro do país, Chris Hipkins, é provável que a cifra cresça nos próximos dias, já que o paradeiro de mais de 3.000 pessoas segue desconhecido –outros 3.216 habitantes de áreas afetadas foram identificados pela polícia e estão a salvo.

O ciclone deixou um rastro de destruição desde que chegou ao norte do território, em 12 de fevereiro, descendo ao longo de sua costa leste. Entre os prejuízos causados pela tempestade, descrita por Hipkins como o pior desastre natural do século no país, estão redes de comunicação e de eletricidade rompidas, escassez de água potável e danos a estradas e pontes que impedem o acesso a diversas regiões.

Quase 10 mil pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas, e cerca de 28 mil residências continuam sem eletricidade. Outras centenas de comunidades permanecem isoladas, e recebem suprimentos por meio de helicópteros das autoridades de emergência e do Exército.

Além disso, o abalo nas cadeias de suprimento levou a problemas de transporte de bens, e plantações e criações de gados foram completamente destruídas, disse Hipkins. “A verdadeira dimensão da destruição e perdas se torna mais clara a cada dia”, afirmou o premiê, que assumiu o cargo há menos de um mês, após uma renúncia súbita da então primeira-ministra Jacinda Ardern.

Em Hawke’s Bay, região na costa lesta da Ilha Norte que foi uma das mais afetadas, Ella Louise Collins, o marido e os dois filhos ficaram tiveram a residência alagada. “A água estava a apenas dez centímetros do teto da nossa casa, e subiu de forma extremamente rápida e violenta”, escreveu ela no Facebook.
A área é uma das que tem sido alvo de saques, de acordo com relatos. A polícia enviou cerca de cem agentes para o local e para Tairawhitim, uma cidade próxima, para “manter a lei e a ordem”, nas palavras do primeiro-ministro.

Doze países se ofereceram para enviar ajuda ao país oceânico. Da vizinha Austrália, chegaram 27 socorristas, que atuam junto a equipes de emergência. Um time da ilha de Fiji chegará ao local nos próximos dias com o mesmo objetivo.

Enquanto isso, o governo inspeciona os danos a construções nas áreas costeiras de Muriwai e Piha, cerca de 60 quilômetros a oeste de Auckland, maior cidade do território.

A Nova Zelândia está em estado de emergência desde 14 de fevereiro, dois dias após a chegada do ciclone. Trata-se da terceira vez que a medida, que permite enviar recursos a toda nação, entrou em vigor na história do país –as duas outras foram no terremoto de magnitude 6,3 que atingiu o país em 2011 e na pandemia, em 2020.

Cientistas apontam que o aumento dos eventos extremos está diretamente ligado à emergência climática, causada pela ação humana. A conclusão foi ecoada por James Shaw, ministro da pasta sobre a crise no país, ao se pronunciar sobre o ciclone.

“Isso é mudança climática”, disse. “Acho que nunca me senti tão triste ou irritado a respeito das décadas perdidas que passamos discutindo e argumentando se a mudança climática era real ou não, se era causada por humanos ou não, se era ruim ou não, se deveríamos agir ou não, porque está claramente aqui e agora. Se não agirmos, vai ficar pior.”