SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Último dirigente militar do Paquistão e aliado dos Estados Unidos na luta contra a Al Qaeda, Pervez Musharraf morreu neste domingo (5), aos 79 anos, após anos em autoexílio. A informação foi confirmada pela missão paquistanesa nos Emirados Árabes Unidos –o ex-líder havia se mudado para Dubai há seis anos e vivia lá desde então.

Os atuais primeiro-ministro e presidente do país –Shehbaz Sharif e Arif Alvi– respectivamente, lamentaram a morte do ex-líder, assim como os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Segundo a emissora Geo News, um voo especial será responsável por trazer seu corpo de volta ao Paquistão para que o funeral.

Musharraf chegou ao poder por meio de um golpe de Estado em 1999, e lá permaneceu até 2008. Inicialmente percebido como um político moderado, acabou se consolidando como o principal aliado regional dos EUA na luta contra a Al Qaeda, e escapou de ao menos três tentativas de assassinato da organização terrorista.

O ex-líder se juntou ao que Washington chama de “guerra ao terror” após os atentados de 11 de setembro de 2001. Seu governo foi responsável por providenciar às forças americanas acesso terrestre e aéreo ao Afeganistão para perseguir os suspeitos identificados como responsáveis pelo ataque às Torres Gêmeas.

A aliança com os EUA foi de encontro à tradicional política paquistanesa de apoio ao Talibã, que na época –assim como hoje– governava o país vizinho. Isso fez de Musharraf um alvo de militantes no Paquistão, além fazê-lo perder apoio entre conservadores locais.

Criado em reação à repressão do general a extremistas, o Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), conhecido como o Talibã paquistanês, celebrou a morte do ex-líder em um comunicado, criticando sua política de alinhamento com o Ocidente. “Este foi o infame chefe do Exército que vendeu a honra e o respeito do país”, afirmou o grupo, responsável por uma série de ataques recentes no país.

Musharraf se mudou para Dubai em 2016, para receber um tratamento médico por amiloidose, uma doença rara que ataca os órgãos vitais. Três anos depois, foi condenado a morte por traição, por ter decretado estado de exceção em 2007 –um tribunal depois anulou a sentença.