SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Moradores do estado de Nova York começaram a remover espessas camadas de gelo nesta terça-feira (27), depois que a onda de tempestades de inverno mais rigorosa em décadas nos EUA deixou ao menos 49 mortos. Alguma neve ainda é esperada para os próximos dias, mas a previsão é que o clima fique mais ameno -à medida que os estragos vão ficando mais claros.

“As temperaturas devem baixar no Meio-Oeste e no leste nos próximos dias”, informou o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS, na sigla em inglês) em seu último relatório divulgado nesta terça. O instituto, porém, acrescentou o alerta de que persistem “condições de viagem perigosas” em muitos locais.

Segundo os meteorologistas, na quinta-feira a máxima na região de Nova York, que fica no estado mais severamente atingido, será de 8°C, passando a 12°C no sábado. Esta terça, porém, permaneceu bastante fria, com máxima de -2°C.

“No pior momento da tempestade era impossível entender se nevava ou se o gelo tinha se acumulado a sua frente”, disse Jim Nowak, que começou a trabalhar na remoção nesta terça. “Quando finalmente tudo se acalmou, vi que tínhamos muito trabalho a fazer.”

Kathy Hochul, governadora do estado de Nova York, onde morreram ao menos 28 das vítimas, chamou a tempestade de “nevasca do século” e comparou a situação do estado a uma zona de guerra. Buffalo, cidade a 600 km de Nova York, foi uma das localidades mais atingidas.

“Estamos nos recuperando da pior tempestade que já vi”, disse Mark Poloncarz, da administração regional do condado de Erie, onde Buffalo está localizada.

O condado chegou a emitir um alerta a moradores sobre as consequências do esforço excessivo em remover neve pesada e úmida, lembrando que o trabalho sob baixas temperaturas pode causar lesões nas costas e, em casos mais delicados, ataques cardíacos.

Funcionários da companhia elétrica ainda operavam para restaurar a energia, e cerca de 4.500 casas permaneciam sem eletricidade.

Uma proibição de dirigir permanece em vigor em Buffalo. Durante uma entrevista coletiva nesta terça, Poloncarz pediu a residentes da região que ficassem em casa. Segundo ele, muitas pessoas estavam dirigindo pela cidade “apenas olhar para a neve”.

O condado está trabalhando com a ajuda de cem membros da Guarda Nacional do estado e de policiais da cidade de Nova York para controlar o tráfego, pedir a moradores que voltem a suas casas e bloquear motoristas vindos de outras regiões.

Moradores de Buffalo tentavam ajudar a desbloquear ruas secundárias com jipes e picapes na terça. Pessoas andavam por esses caminhos para tentar se reabastecer em mercados que começavam a abrir.

As autoridades descreveram condições difíceis, especialmente em Buffalo, com quedas de energia que duraram horas e equipes de emergência passando de “veículo em veículo” em busca de sobreviventes.

Segundo o jornal The New York Times, entre as vítimas estavam profissionais médicos tentando chegar em casa para o Natal; um homem que seria pai em breve e saiu para comprar leite; e outro homem, encontrado soterrado por um banco de neve, que morreu em seu aniversário de 56 anos.

De acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia, as condições para as tempestades de inverno e para o ciclone-bomba que derrubaram as temperaturas da costa leste, em Nova York, à fronteira com o México, no Texas, a leste, foram criadas na região dos Grandes Lagos, próximo ao Canadá. Lá, o ar gelado do Ártico se encontra com massas quentes do leste. Neste ano, porém, o fenômeno ganhou intensidade acima da média -algo que, segundo analistas, se deve também à crise climática.