GABRIELA BONIN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A companhia aérea Ethiopian Airlines suspendeu os pilotos de um voo que partiu do Sudão com destino à Etiópia na segunda-feira (15). Eles estão sendo investigados após a aeronave ter perdido temporariamente a comunicação com o controle de tráfego aéreo e ultrapassado a pista de pouso.

De acordo com o Aviation Herald, site que publica relatórios de incidentes de aviação comercial, os dois pilotos da aeronave dormiram durante o trajeto. Quando chegou perto do Aeroporto Internacional de Bole, em Adis Abeba, o Boeing 737-800 apenas sobrevoou a pista de pouso, seguindo rota inesperada.

Ao perceber o desvio, a torre de controle teria tentado entrar em contato com a tripulação diversas vezes, sem sucesso. A comunicação foi recuperada depois de cerca de 25 minutos, quando o piloto automático do avião deixou de operar, acionando um alarme.

Nos dados da ADS-B (Vigilância Dependente Automática por Radiodifusão, na sigla em inglês), é possível ver que a aeronave ultrapassa a pista do aeroporto e realiza uma nova manobra de aproximação após ter desviado da rota. O voo não perdeu altitude até iniciar o procedimento de descida para pousar.

A Ethiopian Airlines afirma que o avião pousou com segurança após restaurar comunicação. Segundo a companhia aérea, as ações cabíveis serão tomadas com base em investigações sobre o incidente. “Segurança sempre foi e continuará sendo nossa primeira prioridade”, diz a empresa em nota.

Em março de 2019, um avião Boeing 737 MAX da Ethiopian Airlines caiu na Etiópia com 149 passageiros e oito tripulantes a bordo. A queda aconteceu seis minutos após a decolagem. O governo da Etiópia isentou os pilotos de culpa no acidente após investigações.

A fabricante americana de aviões Boeing reconheceu falhas no software do simulador de voo do modelo da aeronave envolvida na tragédia, o 737 MAX. Meses antes do acidente na Etiópia, um avião da Lion Air de mesmo modelo sofreu uma queda na Indonésia, deixando 189 mortos.

A análise da caixa-preta do acidente da Ethiopian Airlines mostrava “semelhanças claras” com a aeronave da Lion Air que caiu, segundo o Ministério de Transportes da Etiópia. A Boeing foi acusada de fraude por não ter fornecido todas as informações sobre o processo de aprovação do 737 MAX e concordou em pagar US$ 2,5 bilhões pelos acidentes. Antes de 2019, o último acidente da Ethiopian Airlines tinha sido em janeiro de 2010, quando um voo caiu no Líbano logo após a decolagem, com 90 passageiros a bordo.