Após ter atribuído responsabilidades à Rússia pela destruição da barragem de Kakhovka – considerando que o incidente se tratou de uma “bomba ambiental de destruição massiva” – o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reforçou, na manhã desta quarta-feira (7), que este foi um ato “absolutamente deliberado” das tropas russas.

Os terroristas russos mais uma vez provaram que são uma ameaça para todos os seres vivos. Destruição absolutamente deliberada de um dos maiores reservatórios da Ucrânia. Pelo menos 100 mil pessoas viviam nesta área antes da invasão russa e há milhares que ainda estão lá“, destaca o líder ucraniano, numa publicação na rede social Telegram, na qual juntou várias imagens do local.

Zelensky revela também que “milhares de pessoas ficaram sem acesso normal à água potável“, situação que já está sendo tratada pelos serviços “apenas no território controlado pela Ucrânia”.

“Na parte tomada pela Rússia, os ocupantes nem tentam ajudar as pessoas. Isso demonstra, mais uma vez, o cinismo com que a Rússia trata as pessoas” e o que “traz para a Europa e para o mundo”.

Vale lembrar que a destruição parcial da barragem, numa região controlada pelas forças russas, provocou inundações em pelo menos 24 localidades e após o incidente, as autoridades ucranianas relataram que pelo menos sete pessoas estão desaparecidas e  revelaram que se espera que as inundações cheguem ao pico durante o dia de hoje.

Considerada no início da invasão como um alvo prioritário para os russos, esta barragem hidroelétrica no rio Dnipro está agora na linha da frente entre as regiões controladas por Moscovo e o resto da Ucrânia.

Construída na década de 1950, durante o período soviético, a barragem de Kakhovka é uma estrutura fundamental no sul da Ucrânia que fornece água à Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014.

A barragem situa-se a 150 quilômetros da central nuclear de Zaporíjia, mas a AIEA disse que as cheias provocadas pela destruição da infraestrutura não representam um perigo imediato para a central.

Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.895 civis desde o início da guerra e 15.117 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.