SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Coreia do Norte lançou mais um míssil balístico de curto alcance em direção ao mar do Japão neste domingo (19), a quarta demonstração de força da ditadura em uma semana.

Pyongyang decidiu elevar o tom das ameaças no momento em que a vizinha Coreia do Sul e os EUA fazem exercícios militares conjuntos na região.

O míssil, lançado da base de lançamento de Tongchang-ri no final da manhã (noite de sábado, 18, no Brasil), voou cerca de 800 km antes de atingir o alvo, segundo um comunicado militar sul-coreano. O Japão afirmou que o míssil atingiu uma altura de 50 km.

Logo após o lançamento, o Ministério da Defesa da Coreia do Sul disse que os EUA farão um bombardeio estratégico em um exercício aéreo conjunto –medida planejada com antecedência e sem relação direta com o último lançamento norte-coreano, segundo informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap, citando fontes militares.

Para Seul, os mísseis balísticos da Coreia do Norte são uma “clara violação” de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.

Em um comunicado, os ministros das Relações Exteriores do G7 –grupo dos sete países com as maiores economias mundiais– disseram que “lamentam profundamente” a inação do órgão das Nações Unidas contra a Coreia do Norte, causada pela obstrução de alguns membros. Embora nenhum país tenha sido citado, a China e a Rússia bloquearam as tentativas do órgão de responder à série de testes de mísseis da Coreia do Norte.

Japão e EUA realizavam exercícios militares aéreos e marítimos conjuntos na região pelo terceiro dia consecutivo neste domingo (19), informou a mídia local. Além disso, a potência americana e a Coreia do Sul estreitaram a sua cooperação de defesa em resposta às crescentes ameaças militares e nucleares de Pyongyang –nos últimos meses, o regime fez diversos testes com armas vetadas e adotou um tom ainda mais belicoso.

Washington e Seul realizam desde a última semana o maior ensaio militar conjunto em cinco anos, um exercício de 11 dias apelidado de Freedom Shield, ou Escudo da Liberdade. Para a Coreia do Norte, a iniciativa é o preparativo para uma invasão.
Na quinta-feira (16), a ditadura já havia disparado um suposto míssil balístico intercontinental em direção ao mar do japão, horas antes de o presidente da Coreia do Sul voar para Tóquio para uma cúpula que discutiria formas de combater as ameaças da Coreia do Norte.

O encontro, realizado em Tóquio, foi o primeiro entre governantes dos países vizinhos em 12 anos –até então, eles só se encontravam às margens de outros eventos internacionais. Pyongyang disse que esse lançamento foi um alerta contra os exercícios militares dos EUA e da Coreia do Sul.

“O comportamento da Coreia do Norte ameaça a paz e a segurança internacionais e é inaceitável”, disse o ministro de Estado da Defesa do Japão, Toshiro Ino, em entrevista coletiva. Segundo ele, o Japão protestou por meio da embaixada da Coreia do Norte em Pequim.

O Comando Indo-Pacífico dos EUA disse que o lançamento não é uma ameaça imediata, mas mostra o impacto desestabilizador das armas ilegais de destruição em massa e dos programas de mísseis balísticos de Pyongyang.

Já a Coreia do Norte criticou os Estados Unidos e o secretário-geral da ONU, António Guterres, por abordarem os abusos de direitos humanos do regime em uma reunião informal do Conselho de Segurança da ONU. “Os EUA lançaram uma campanha de direitos humanos contra a Coreia do Norte na arena da ONU enquanto faziam um exercício militar conjunto agressivo, que representa uma grave ameaça à nossa segurança nacional”, disse a Missão Permanente da Coreia do Norte na ONU, segundo a mídia estatal.

No começo do mês, Pyongyang fez 30 disparos de artilharia contra regiões fronteiriças no sul de seu território. Enquanto isso, a irmã do ditador Kim Jong-un, Kim Yo-jong, disse que qualquer tentativa americana ou sul-coreana de interceptar mísseis balísticos do Norte seria entendida como uma “declaração de guerra”.

Os EUA e seus aliados nunca derrubaram um míssil norte-coreano em teste, mas a possibilidade tem sido cada vez mais discutida devido ao recrudescimento do ensaio dessas armas por Pyongyang, que tem um pequeno arsenal de bombas atômicas e de hidrogênio.