Recém casado e recém vitorioso, o presidente eleito Lula disse que gostaria de fazer uma viagem internacional e aproveitar para curtir uma pequena lua de mel. Talvez seja melhor Lula cuidar logo dessa lua de mel, não vai ter outra. Estou falando daquela famosa lua de mel do eleitorado com um presidente recém eleito.

A pequena diferença com que Lula venceu diz muito sobre o tamanho com que o eleitorado de centro direita sai destas eleições, considerando as majoritárias e as proporcionais.

A frente de correntes políticas que elegeu Lula é frágil e tinha como alvo central tirar Bolsonaro do Planalto. Foi uma vitória calcada em grande medida pela rejeição ao atual presidente, mas não pela oferta de uma visão de mundo. Pelo contrário.

O Brasil que trabalha e produz, como se define esse amplo espectro, é o Brasil que votou contra o PT há quatro anos.

E não consegue ainda enxergar em Lula quem seja capaz de eliminar o “sistema” entendido como a grande trava para quem quer apenas vencer na vida.

Lula vai enfrentar um Congresso com poderes que não existiam há vinte anos. Minas, Rio e São Paulo terão governadores que se opuseram a ele.

Terá de procurar pontes com militares, agronegócio e evangélicos – nem precisava pensar nisso vinte anos atrás.

Mas o principal problema será provar que existe só mesmo um Brasil. Sem tempo para uma lua de mel.

Fonte: CNN Brasil