Ao anunciar nesta quinta-feira (16) o reajuste real do salário mínimo e o aumento da faixa de isenção do imposto de renda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prosseguiu no que vem tentando em toda a sua carreira: instalar um estado de bem-estar social no brasil com forte intervenção do governo na economia. O problema, desde sempre, foi como financiar esse estado de bem-estar social.

Até agora não conseguimos, e tanto inflação, quanto baixo crescimento e, em consequência, juros altos são uma expressão desse desafio não resolvido.

Em entrevista à nossa colega Daniela Lima, Lula voltou a falar da responsabilidade fiscal como uma demanda de banqueiros gananciosos.

Lula não enxerga a expansão dos gastos públicos brasileiros sem uma correspondente fonte de financiamento como causa de inflação.

Ao contrário: expressa sua profunda convicção de que gastos sociais vão distribuir renda e melhorar o consumo e trazer crescimento da economia.

Da mesma maneira, continua a encarar os juros altos – que todos nós detestamos e gostaríamos que fossem mais baixos – não como o resultado de um jogo complexo de fatores relacionados (inclusive a gastança do poder público). Mas, sim, como algo fixado arbitrariamente e longe do seu poder de modificar.

Bem no finalzinho da entrevista para a Daniela, Lula se orgulha de dizer que está dizendo mais ou menos as mesmas coisas desde 1988 – quase meio século. Talvez esteja aí um problema.

Fonte: CNN Brasil