A atriz e cantora Marcella Maia postou no Instagram que precisou fazer uma cirurgia de emergência para a retirada de silicone industrial do rosto.

A artista contou que há 13 anos fez um procedimento estético enquanto trabalhava em uma agência de modelos, mas que acreditava que os profissionais haviam aplicado ácido hialurônico para deixar seu rosto mais simétrico.

A famosa compartilhou a foto da retirada da substância, que segundo ela, havia se tornado um tumor e quase tirou a sua visão.

Marcella Maia mostra subestância retirada do seu rosto / Reprodução/.Instagram/@mmaia

“Essa gravação é um desabafo, mas também um alerta a todas as jovens que, devido à pressão estética, acabam fazendo procedimentos estéticos sem antes pesquisar as técnicas e os profissionais. Por sorte, o pior não aconteceu comigo, mas eu estava com uma bomba-relógio em meu rosto. Prestem muita atenção e cuidado com o silicone industrial”, desabafou.

Ela disse que a cirurgia emergencial aconteceu em Bogotá, na Colômbia, na última quinta-feira (15), e segue em recuperação.

Silicone industrial versus ácido hialurônico

A CNN conversou com dois especialistas que explicaram os malefícios do silicone industrial.

A substância, de acordo com a dermatologista Carla Marchioro, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, é um líquido usado em fábricas, principalmente na limpeza de peças de avião, carros ou vedação de vidros, lubrificação, impermeabilização –sendo permanentemente contraindicado para uso no corpo humano segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A Anvisa ainda alerta que a aplicação para fins estéticos é “crime contra a saúde pública previsto no Código Penal – exercício ilegal da medicina, curandeirismo e lesão corporal”.

“O uso para fins estéticos normalmente está atrelado a situações sem assepsia adequada, o que aumenta o risco de infecções, que podem se agravar. A injeção intravascular pode levar à necrose de pele e, quando realizada em veias de maior calibre no corpo, pode criar um embolo do produto, que se desloca até o pulmão, condição chamada de embolia pulmonar, de alta gravidade”, explica o dermatologista Igor Manhães, da clínica Les Peaux.

Enquanto o silicone industrial não é absorvido pelo corpo, o ácido hialurônico é, pois ele é um dos componentes da parte molecular da pele.

Mesmo sendo produzido de forma sintética, o ativo dermatológico é absorvido naturalmente onde é aplicado, com o intuito de manter os tecidos hidratados, articulações lubrificadas e estimulando a produção de colágeno – além de ajudar no combate de rugas, marcas de expressão e trazer volumização a área, provocando um efeito de lifting.

Cuidados na aplicação do ácido hialurônico

Carla Marchioro explica que a quantidade aplicada do ácido hialurônico depende da avaliação de cada paciente, como também não existe uma medida liberada específica ou determinada pela pelos órgãos reguladores.

“É preciso que cada profissional avalie e compreenda com bom senso o caso individual de cada pessoa. É necessário avaliar possíveis complicações na área onde o ativo será aplicado e quantidade por sessão, como também alergias, medicamentos em uso e doenças pré-existentes. O preenchimento não é definitivo e hoje é possível a aplicação em diversas partes do corpo”, explica.

Igor ressalta também que a substância tem baixo potencial de gerar alergias, além da reversibilidade através da injeção da enzima hialuronidase, em caso complicação ou aspecto inestético.

Porém, ele alerta que os riscos dependem de como é feito o procedimento. “A injeção dentro dos vasos sanguíneos pode levar à necrose de pele e pode ocorrer reação tardia à substância, com edema e dor, quando o paciente apresenta infecção de trato aéreo superior ou gastrointestinal concomitante.”

Os profissionais ressaltam que não existe delimitação para início de tratamento com a substância, mas é incomum a aplicação em menores de idade.

Fonte: CNN Brasil