O Kremlin apoia o diálogo entre o presidente russo Vladmir Putin com o chanceler alemão Olaf Scholz e o líder francês Emmanuel Macron, mas nenhuma proposta para uma conversa foi recebida ainda, disse o porta-voz Dmitry Peskov no sábado (17).

“Scholz e Macron afirmaram a importância de continuar o diálogo com a Rússia, e nós apoiamos este ponto de vista, mas até agora nenhuma proposta específica foi recebida. O presidente disse ontem que permanece aberto para comunicação”, disse Peskov a repórteres.

Na semana passada, Scholz disse que planeja falar com Putin “em um futuro próximo”.

“Falei continuamente com o presidente russo de vez em quando, e não apenas antes da guerra, mas desde que a guerra começou e às vezes por muito tempo. E como não nos falamos por um bom tempo, pretendo falar com ele novamente em em algum momento no futuro próximo”, disse ele, acrescentando que a “única condição” para as negociações de paz é que a Rússia retire suas tropas do território ucraniano.

“Está tudo bem em negociar, mas a questão é quem está negociando com quem e sobre o quê. E o que não é razoável é forçar a Ucrânia a aceitar que a apropriação de terras por Putin seja sancionada e aceita”, acrescentou o líder alemão.

“Diálogo construtivo” sobre o conflito na Ucrânia

Putin disse que Moscou está “aberta a um diálogo construtivo” e elogiou a abordagem diplomática dos países africanos à guerra na Ucrânia durante uma reunião que manteve com vários líderes do continente em São Petersburgo no sábado (17).

“Saudamos a abordagem equilibrada de nossos amigos africanos à crise ucraniana. Estamos abertos a um diálogo construtivo com todos aqueles que desejam a paz com base nos princípios da justiça e na consideração dos interesses legítimos das partes”, disse Putin.

Ele sustentou que “a Rússia está pronta para considerar quaisquer propostas africanas para solução de conflitos na Ucrânia”, mas culpou Kiev por se recusar a negociar.

O presidente russo, Vladimir Putin, se reúne com líderes africanos em 17 de junho na Rússia. / Colaborador/Getty Images

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na sexta-feira, após se reunir com os líderes africanos, que qualquer conversa de paz com a Rússia só é possível após a retirada completa das tropas russas dos territórios ocupados.

No sábado, os líderes se ofereceram para ser um mediador na guerra ucraniana e encorajaram o “diálogo e o compromisso”, bem como a “diminuição da escalada em ambos os lados”.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, pediu que “a guerra termine”.

Ramaphosa também pressionou pela “abertura do movimento dos grãos através do Mar Negro, para que quaisquer bloqueios existentes sejam liberados”.

Putin também afirmou que “a crise no mercado global de alimentos não é consequência do conflito na Ucrânia”.

“O fornecimento de grãos ucranianos aos mercados mundiais não resolve o problema da fome mundial”, disse ele.

Depois de invadir a Ucrânia em fevereiro de 2022, a Rússia inicialmente bloqueou as exportações vitais de grãos dos principais portos ucranianos do Mar Negro, incluindo Odesa, Chornomorsk e Pivdennyi, o que significou que milhões de toneladas de grãos ucranianos não foram exportados para os muitos países que dependem da produção do país.

No verão passado, a Turquia e as Nações Unidas ajudaram a intermediar um acordo para permitir a passagem segura de navios da Ucrânia no acordo de grãos do Mar Negro.

“As exportações de grãos ucranianos sob o acordo garantindo sua passagem segura pelo Mar Negro não estão ajudando a resolver os problemas da África com os altos preços globais dos alimentos, já que apenas 3% foram para os países mais pobres”, disse Putin.

Dados das Nações Unidas mostram que cerca de 802.000 toneladas de carga foram para países de baixa renda, e três desses cinco países estão localizados na África. Outros países africanos que recebem carga são classificados como de renda média-baixa.

“Os países necessitados não devem sofrer, então Moscou fez um grande esforço para garantir o fornecimento de grãos ucranianos aos países africanos”, disse Putin.

Uma atualização de 15 de junho do escritório do coordenador da ONU para a Iniciativa de Grãos do Mar Negro disse que, em 2022, “a Ucrânia forneceu mais da metade da aquisição global de grãos de trigo [do Programa Mundial de Alimentos], como foi o caso em 2021. O volume de alimentos exportados pela Iniciativa em maio foi o menor desde o início da Iniciativa e bem abaixo da demanda de transporte e da capacidade de exportação da Ucrânia.”

(Sarah Diab contribuiu com reportagens)

Fonte: CNN Brasil