• Stephen McDonell
  • Correspondente em Pequim

Há 26 minutos

Policiais vestindo jaquetas fluorescentes confrontam manifestantes ao lado de um veículo em Xangai

Uma equipe da BBC filmou confrontos entre policiais e manifestantes em Xangai no local de um protesto

Manifestações de dissidência não são incomuns na China.

Ao longo dos anos, explosões locais repentinas de protestos foram desencadeadas no país por uma série de questões — da poluição tóxica à grilagem ilegal de terras, passando pelos maus-tratos de um membro da comunidade nas mãos da polícia.

Mas, desta vez, é diferente.

Há um assunto que não sai da cabeça do povo chinês, e muitos estão cada vez mais fartos dele — levando a uma reação generalizada contra as restrições rigorosas impostas pela política de covid zero do governo.

Isso se refletiu em moradores derrubando barreiras montadas para fazer cumprir o distanciamento social, e agora grandes protestos tomam as ruas e campi universitários de cidades em todo o país.

É extremamente perigoso aqui criticar publicamente o secretário-geral do Partido Comunista. Você corre o risco de ser preso.

No entanto, lá estavam eles na rua de Xangai (Wulumuqi Lu) que leva o nome da cidade de Xinjiang onde um incêndio matou 10 moradores — muitos acreditam que as restrições impostas pela política de covid-zero dificultaram o esforço de resgate.

Um manifestante grita: “Xi Jinping!”

E centenas respondem: “Renuncie!”

O grito de protesto então ecoa: “Xi Jinping! Renuncie! Xi Jinping! Renuncie!”

Também se ouvia o seguinte coro: “Partido Comunista! Renuncie! Partido Comunista! Renuncie!”

Para uma organização política cuja ambição maior é a permanência no poder, esse é o maior desafio possível.

O governo parece ter subestimado drasticamente o crescente descontentamento da população em relação à política de covid zero — intrinsecamente ligada a Xi Jinping, que recentemente prometeu que não haveria desvio da política.

Além disso, não há maneira fácil de sair da sinuca de bico em que o Partido parece ter se metido.

Eles tiveram três anos para se preparar para uma eventual reabertura, mas em vez de construir mais unidades de terapia intensiva (UTI) nos hospitais e enfatizar a necessidade de vacinação, investiram vastos recursos em testagem em massa, lockdowns e instalações de isolamento destinadas a vencer uma guerra contra um vírus que nunca vai embora.

Fonte: BBC