O Gabinete do Alto Comissariado da ONU (Organização das Nações Unidas) para os Direitos Humanos disse nesta sexta-feira (11) que continua “gravemente preocupado com o aumento do número de mortos e sofrimento humano na Ucrânia” e pediu “um fim imediato dos ataques”. O órgão disse ter registrado 549 mortes de civis e 957 feridos desde o início da invasão, “embora o número real possa ser muito maior”.

“Civis estão sendo mortos e mutilados no que parecem ser ataques indiscriminados, com as forças russas usando armas explosivas com efeitos de ampla área dentro ou perto de áreas povoadas. Isso inclui mísseis, granadas de artilharia pesada e foguetes, bem como ataques aéreos”, disse a porta-voz Liz Throssell, em um comunicado. “Escolas, hospitais e jardins de infância foram atingidos com consequências extremamente devastadoras”, acrescentou Throssell na nota.

No dia 3 de março, 47 civis foram mortos quando ataques aéreos russos atingiram duas escolas e vários blocos de apartamentos em Chernihiv, segundo o gabinete. Na quarta-feira (9) um ataque aéreo atingiu um hospital de Mariupol, ferindo pelo menos 17 civis.

Rússia disse na quinta-feira (10) que uma alegação ucraniana de que forças russas bombardearam um hospital infantil em Mariupol é falsa e equivale a “terrorismo de informação”.

A nota da porta-voz do gabinete da ONU fiz que o hospital estava “claramente identificável e operacional quando foi atingido”. O órgão também afirmou que recebeu “relatórios confiáveis ​​de vários casos de forças russas usando munições cluster [bombas de fragmentação], inclusive em áreas povoadas”, disse Throssell.

O uso dessa munição foi relatado em 24 de fevereiro no Hospital Central City em Vuhledar, em Donetsk. Quatro pessoas morreram e dez ficaram feridas sendo o relato. Pelo menos outros nove civis morreram e 37 ficaram feridos em “outros ataques com munições de fragmentação” em vários distritos de Kharkiv, disse o comunicado do gabinete.

“Devido aos seus efeitos de área ampla, o uso de munições cluster em áreas povoadas é incompatível com os princípios do Direito Internacional Humanitário que regem a condução das hostilidades”, disse Throssell.

“As baixas civis estão aumentando diariamente, assim como o sofrimento humano em geral. Lembramos às autoridades russas que direcionar ataques contra civis e bens civis, bem como os chamados bombardeios de área em cidades e vilarejos e outras formas de ataques indiscriminados, são proibidos pela legislação internacional. lei e podem constituir crimes de guerra”, acrescentou  a representante da ONU.

O gabinete também estava preocupado com relatos de “prisões e detenções arbitrárias” de ucranianos que manifestaram oposição ao ataque russo, inclusive em protestos pacíficos. “Acreditamos que os detidos correm o risco de tortura ou outros maus-tratos e pedimos sua libertação imediata e incondicional.”

O Gabinete do Alto Comissariado da ONU também afirma que se preocupa “com o uso pejorativo de rótulos como ‘sabotadores’ e ‘mercenários’, com a intenção ou efeito de expor certos indivíduos a maiores riscos de danos”.

“Pedimos às partes que respeitem plenamente os direitos de todos sob seu controle”, disse Throssell. “Aqueles que depuseram suas armas… incluindo prisioneiros de guerra, devem ser tratados com humanidade e protegidos de qualquer forma de tortura ou tratamento degradante.”

Fonte: CNN Brasil